Tendencialmente, existe algum nível de disfuncionalidade ou dificuldade psicológica na pessoa que implementa estes comportamentos.
Na maioria dos casos acontece devido a um elevado sentimento de raiva, o qual não consegue ser controlado ou gerido de outra forma.
Em alguns casos o objetivo é causar no outro um sofrimento similar àquele que o agressor estará a sentir, como acontece no término de relação não desejado.
Quais as consequências para a vítima?
As consequências para a vítima podem ser várias e graves, originando quadros depressivos e de ansiedade.
A vítima tende a culpabilizar-se, não só pelo envio das imagens como pela própria relação que estabeleceu com aquela pessoa.
Surgem ainda sentimentos de desvalorização e alguma necessidade de isolamento como mecanismo de proteção. Em algumas situações pode desenvolver-se um quadro de stress pós-traumático e até ideação suicida.
Paralelamente a autoestima, a autoimagem e a capacidade de nos relacionarmos com os outros fica severamente afetada. A capacidade de estabelecer relações afetivas ou amorosas fica afetada e, em alguns casos, a vivência da sexualidade também sofre danos.
Como (des)ajudar?
Nestas situações é importante que familiares e amigos se unam e forneçam o suporte necessário à pessoa, uma vez que não é incomum que ocorra o contrário, a culpabilização da vítima pelo envio das mensagens ou imagens.
Muitas vezes isto está associado a ideias pré-concebidas de que esta exposição não é “digno de uma pessoa de respeito”, que são comportamentos promíscuos e dizem algo negativo sobre a pessoa. Logo, a pessoa é rotulada em função disso.
O pensamento que surge nos outros é muitas vezes de recriminação pelo envio das fotografias íntimas e não de condenação do agressor pela exposição de algo que lhe foi enviado no âmbito de uma relação íntima.
A sexualidade sempre esteve rodeada de preconceitos e a exposição da mesma provoca nos outros reações de desconforto.
Mas, há uma idade em que estes comportamentos sejam mais frequentes?
Este é um comportamento em crescendo, que aumentou na pandemia e que se tornou mais fácil pelas múltiplas plataformas de chat que têm surgindo. Em muitos casos isto tem apenas uma função lúdica na sexualidade de alguns casais, servindo para introduzir alguma novidade à relação.
Contudo, também assistimos muito a estes comportamentos de forma desajustada, ocorrendo mais indiscriminadamente ou em fases muito precoces das relações, onde a segurança no comportamento do outro ainda não é assim tão elevada, aumentando assim o risco.
Em alguns casos surge por cedência a pressão, chantagem emocional e até necessidade de aprovação através do envio das imagens. Todavia, é importante entendermos que muitas vezes estamos a ser alvo de manipulação, sendo isto uma forma de agressão.
A partilha de fotografias íntimas, embora seja transversal a todas as idades é mais comum nas faixas etárias mais jovens, seja pela descoberta do corpo e da sexualidade, como pela necessidade de validação como inclusivamente pela maior familiaridade com as novas ferramentas de conversação online, onde maioritariamente ocorre esta partilha, não só de imagens mas também de vídeos e textos, o denominado sexting.
Um artigo da psicóloga clínica Catarina Lucas.
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