Nunca se falou tanto acerca de saúde mental como se fala atualmente, nunca houve tanta sensibilização para os temas da saúde mental como existe agora! Todos sabemos que é muito positivo que este tema esteja na ordem do dia. Ainda assim, apesar destas evoluções procurar um psicólogo continua a ser uma tarefa difícil para quem está a sofrer emocionalmente ou para quem simplesmente quer desenvolver-se e tornar-se emocionalmente mais capaz.
Por entre os motivos mais comuns que fazem evitar um psicólogo surgem alguns mitos, que precisam de ser desconstruídos, para que de facto possa existir liberdade quando alguém sente que deve procurar um psicólogo. Desses mitos destacamos:
1. O psicólogo é para malucos
Temos a ideia que quem vai ao psicólogo é maluco, na verdade devemos repensar o que significa ser maluco. E devemos lembrar-nos que quem procura um psicólogo é alguém que apresenta a lucidez necessária para perceber que está a precisar de mudanças, de evoluir e de transformar algumas das suas dores. Por isso mesmo, é essencial deixar cair este preconceito e tomar consciência que quem quer evoluir, nunca poderá ser considerado ‘maluco’.
2. O meu problema só precisa de tempo
Não é verdade que os problemas emocionais se dissipem com o tempo. Pelo contrário, quanto mais demorarmos a intervir nos problemas psicológicos, mais eles tendem a crescer e a condicionar o nosso dia a dia. Aquilo que acontece numa primeira fase, é que ao esperarmos que o tempo resolva, fazemos uma força de bloqueio às dores emocionais e, por isso, temos a ideia que elas estão ultrapassadas. Ainda assim, esta é apenas uma solução paliativa, como uma espécie de penso rápido, que não consegue surtir efeitos por um longo período de tempo e que mais tarde ou mais cedo, vai acabar por levar à quebra emocional e a quadros psicopatológicos mais agudos.
3. Ir ao psicólogo é como conversar com um amigo
A ideia de que uma consulta de psicologia se assemelha à conversa com um amigo, advém, muitas vezes, da forma acolhedora e próxima com que a intervenção terapêutica se dá. Ainda assim, apesar da transformação emocional existir com base na relação, um acompanhamento psicológico implica uma avaliação clínica estruturada e o planeamento de uma intervenção que vise à mudança efetiva, seja de padrões de vida, de pensamentos, de autoconhecimento, com vista a um maior bem-estar. A mudança ocorre através da relação e da palavra, mas tem por base técnicas e modelos não passíveis de serem utilizados em relações de amizade.
Perante tudo isto, é essencial que a procura de ajuda psicológica possa existir independentemente de estigmas ou medos do julgamento. Para que isso aconteça, todos nós somos responsáveis por deixar cair estes mitos e por nos permitirmos e permitirmos a quem está ao nosso redor, não apenas a conversar acerca de saúde mental, mas também a aceder aos cuidados de saúde mental sem barreiras, sem medo do julgamento e livres dos condicionamentos que os mitos geram no dia a dia.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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