Que vírus é este?
Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infeções respiratórias em seres humanos e outros animais. Geralmente, as infeções por coronavírus causam doenças respiratórias leves ou moderadas. No entanto, podem também causar infeções graves.
O novo coronavírus identificado na China é semelhante a outros que surgiram nos últimos anos, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) ou a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS).
Segundo o chefe do Departamento de Epidemiologia do Instituto Pasteur em Paris, Arnaud Fontanet, a nova estirpe é o sétimo tipo conhecido de coronavírus que os humanos podem contrair. "Acreditamos que a fonte pode ter sido animais vendidos umo mercado da cidade de Wuhan e, de lá, passou para a população humana", disse à AFP.
O genoma deste novo vírus foi sequenciado por laboratórios chineses, que concluíram que é da família da SARS, que entre 2002 e 2003 fez 648 vítimas mortais na China, incluindo Hong Kong. Visto ao microscópio, este vírus tem à sua volta uma espécie de coroa de espinhos, daí o nome coronavírus.
Quantos casos já foram identificados?
Desde 31 de dezembro de 2019 já foram confirmados mais de 800 casos de pneumonia associados àquele vírus. Há registo de pelo menos 26 mortes.
Porque é que muitas destas infeções surgem na China?
O médico pneumologista português Filipe Froes explica que na China existe ainda uma “proximidade e promiscuidade grande” entre animais e pessoas, com convivência muito próxima e com muitos locais a vender animais vivos para consumo humano.
No caso dos coronavírus, para o vírus passar a barreira da espécie, é necessária uma elevada carga viral e uma grande proximidade entre animais e pessoas.
Qual o grau de mortalidade do novo coronavírus?
Segundo os dados atualmente disponíveis, a mortalidade do novo coronavírus situa-se nos 1,5%, mas as autoridades de saúde avisam que é necessário continuar a acompanhar a evolução da situação.
Contudo, até agora, o 2019-nCoV está a ser considerado menos agressivo nas suas consequências, quando comparado com a pneumonia atípica de 2002/2003, que tinha uma taxa de mortalidade em torno dos 10%.
O pneumologista Filipe Froes recorda que todas as infeções respiratórias, incluindo a gripe, podem provocar a morte, sobretudo em doentes com outras patologias associadas ou pessoas mais frágeis e idosas.
O vírus pode alastrar a outras regiões?
O novo vírus, que causa pneumonias virais foi detetado na China no final de 2019. Além da China, foram já detetados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Vietname, Japão e Estados Unidos.
Mais recentemente, a DGS ativou o dispositivo de prevenção em Portugal para a eventualidade de surgirem casos em território nacional. Portugal tem assim em alerta os hospitais de São João, no Porto, o Curry Cabral e a Estefânia, estes últimos em Lisboa.
O vírus transmite-se de pessoa para pessoa?
Zhong Nanshan, um cientista chinês da Comissão Nacional de Saúde da China, disse em comunicado à televisão estatal chinesa que a transmissão entre humanos do novo tipo de pneumonia viral tinha sido "comprovada".
No dia 21 de janeiro, o Centro Europeu de Controlo de Doenças confirmou a transmissão pessoa a pessoa do novo vírus detetado na China que causa pneumonias virais.
Como prevenir o contágio?
A Direção-geral da Saúde (DGS) está a acompanhar a situação e recomenda que os viajantes para aquela região da China adotem as seguintes medidas:
- Evitar contato próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas;
- Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes;
- Evitar contato com animais;
- Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
O que fazer em caso de sintomas?
Se os viajantes para aquela região da China apresentarem sintomas sugestivos de doença respiratória, durante ou após a viagem, devem procurar atendimento médico e informar o médico sobre a história da viagem. Poderão ainda ligar 808 24 24 24 (SNS24) para esclarecimento de dúvidas.
A DGS acompanha a situação, alinhada com as organizações internacionais, em particular com a Organização Mundial de Saúde, e divulgará novas informações sempre que pertinente.
O que diz a Organização Mundial de Saúde (OMS)?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o novo vírus da pneumonia ainda não é uma emergência global de saúde pública.
Veja o vídeo explicativo sobre o que é um coronavírus
Artigo originalmente publicado a 16 de janeiro de 2020 e atualizado a 23 de janeiro.
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