Anualmente, a 22 de julho comemora-se o Dia Mundial do Cérebro, para nos lembrarmos daquele que nos permite lembrar todos os dias. O cérebro, a força motriz que nos permite acordar de manhã, reconhecer quem somos, o meio onde estamos e como nos relacionamos. Aquele que nos controla o andar, as palavras, as memórias e os comportamentos. Aquele que nos conta como foi o dia de ontem, nos ajuda a viver o hoje e a planear o amanhã.

Não sendo obra do acaso, a data escolhida pela Federação Mundial de Neurologia é também a data de fundação da instituição. A comemoração pretende consciencializar a população da importância do cérebro para o bem-estar global, incluindo para a saúde física, função cognitiva e relação emocional, bem como alertar para a necessidade de prevenção e identificação precoce de doenças neurológicas e a sua correta orientação pela Neurologia, especialidade que se dedica às mesmas. Este ano a celebração é dedicada ao tema “Saúde Cerebral para Todas as Idades” indicando que a preocupação com o cérebro deve surgir ainda em idade gestacional e acompanhar-nos ao longo de todas as etapas da vida desde a infância até ao final da vida adulta.

Em Portugal, as doenças cerebrovasculares continuam a apresentar-se como a principal causa de mortalidade e morbilidade, merecendo por isso o devido destaque neste dia. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico, o tipo mais comum de AVC, ocorre quando o fluxo sanguíneo para uma determinada área cerebral é interrompido por um coágulo, impedindo o cérebro de funcionar normalmente. Embora, a prevalência aumente com a idade, até um quinto dos casos surge em idade jovem, subscrevendo o mote todas as idades. Mas seja qual for a idade, há dois passos que são fundamentais para minimizar as sequelas cerebrais destas lesões: em primeira instância, a identificação precoce por familiar ou acompanhante dos sintomas neurológicos que permitem suspeitar de um AVC (falta de força, assimetria da face ou alteração da fala) com a rápida procura de ajuda médica e, em segundo lugar, a acessibilidade e disponibilidade de tratamentos de reperfusão aguda, meios de diagnóstico e terapias de reabilitação, os quais dependem dos sistemas de saúde em vigor.

Com ênfase na prevenção, recordam-se algumas medidas a adotar para a manutenção de um cérebro saudável, começando precisamente pela prevenção das doenças cerebrovasculares: uma dieta saudável, do tipo mediterrânica, rica em vegetais; o consumo moderado de álcool; a cessação tabágica, o exercício físico regular e a monitorização da pressão arterial. De igual modo, é fundamental a higiene do sono, sendo recomendada uma média de 7 horas de sono por noite, com evicção de cafeína bem como do uso de ecrãs nas horas que antecedem a hora de dormir. Além disso, a ansiedade e as alterações de humor quando persistentes devem motivar a procura atempada de ajuda médica. Por último, relembrar a necessidade de prevenir e evitar traumatismos crânio-encefálicos, com a utilização de cintos de segurança durante a condução e capacetes na prática de desportos ou atividades de risco.

Cuidar do cérebro é cuidar de quem somos para nós e para os outros.