Bem-disposto e motivado para manter a quarentena em casa, Pedro Xavier Simões, 30 anos, natural de Águeda, recebeu alta hospitalar ao final desta manhã e já está a caminho da sua residência.
"Sinto-me livre, aliviado e com força para seguir em frente", disse ao SAPO através de chamada telefónica.
Pedro Xavier Simões vai manter-se isolado, em casa, num quarto com casa de banho privativa, seguindo as recomendações dos médicos durante mais 10 dias. "Já tenho saudades do meu cão, de estar com a minha família e de conversar com os meus amigos e amigas", acrescentou, para depois reforçar que, para já, terá de "cumprir o período de isolamento em casa".
"Mas confesso que já tenho saudades de pedalar, ver o mar, de um bom vinho e de carne pouco à alentejana", brincou.
Ainda no hospital, o jovem partilhou um apelo através da hashtag #FiqueEmCasa.
Munido de máscara, Pedro Xavier Simões foi transportado para casa pelos Bombeiros Voluntários de Águeda (BVA).
Segundo uma carta com recomendações médicas que recebeu, Pedro Xavier Simões é aconselhado a evitar o contacto com outras pessoas, bem como com animais de estimação. Não pode partilhar objetos, terá de usar máscara cirúrgica sempre que contactar com outras pessoas e vigiar eventuais sintomas. Deve ainda lavar as mãos frequentemente durante 20 segundos.
Quanto ao lixo que vier a produzir em ambiente doméstico, é aconselhado a introduzi-lo num saco que deverá ser fechado, quando cheio, e colocado dentro de outro saco num caixote do lixo normal.
Os restantes membros que habitem a casa devem reforçar a higiene das mãos.
"Marketing manager" de uma empresa em Águeda, Pedro Xavier Simões esteve hospitalizado durante praticamente uma semana num quarto com pressão negativa no CHUC. Não sabe como foi contagiado com COVID-19, uma vez que não esteve no estrangeiro e também não teve contacto com pessoas sintomáticas, explicou numa entrevista ao SAPO.
Pandemia já fez uma morte em Portugal
Portugal registou ontem a primeira morte por COVID-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Há pelo menos 448 pessoas infetadas em Portugal, segundo o boletim diário divulgado esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República anunciou no domingo uma reunião do Conselho de Estado na quarta-feira para "analisar a situação". Marcelo Rebelo de Sousa deverá decidir amanhã se decreta ou não Estado de Emergência, um estado de exceção que só pode ser declarado em casos de grave ameaça ou perturbação da ordem democrática ou de calamidade pública.
O Governo português ativou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”. O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 7.000 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ronda as 190 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios. Do total de infetados, cerca de 75 mil recuperaram.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.
França decretou o isolamento obrigatório na segunda-feira e suspendeu a segunda volta das eleições municipais.
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou na semana passada ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas.
Também foi anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália e de e para Espanha, para além da maioria dos voos para fora da Europa.
A Direção-Geral de Saúde reforçou as recomendações de saúde à população.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu há uma semana alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano. Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
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