Abrimos o seu livro e, na badana, somos confrontados com um rol de deveres dos pais: “Não grite, não contrarie, esteja disponível, esteja sempre presente...” Considera que, hoje, há demasiada gente, a todo o momento, a dizer aos pais o que estes devem fazer e como o fazer?

Considero. Por vezes de forma provocatória, outras vezes apenas didática, chamo a atenção para o risco dos pais 5G. Estes pais acabam por estar muito desamparados, muito vulneráveis a todas e quaisquer opiniões — algumas sensatas, outras muito organizadas “em cima do joelho”, suportadas por alguma tendência ou moda. Como são pais mais escolarizados e têm uma relação diferente com as novas tecnologias, acabam por valorizar sempre essas opiniões que parecem técnicas. Com isso, desperdiçam o sexto sentido, o bom senso, e vão testando uma e outra fórmula. O resultado é, por vezes, trágico. Não tenho dúvidas de que são pessoas muitíssimo empenhadas em ser bons pais, que querem corresponder da melhor forma possível aos desafios da parentalidade. Mas vivem muito espartilhados por tantas opiniões. São pais que tentam acertar à primeira sem errar duas ou três vezes. Costumo, como tal, dizer que os bons pais são aqueles que fazem uma asneira de oito em oito horas.

Escreve que ser pai e mãe é uma “profissão de risco”. É hoje mais do que no passado?

É, e por vários motivos. Em primeiro lugar, as famílias correm hoje o risco de serem menos “aldeias” e mais “famílias nucleares”. Os pais assumem sobre si a responsabilidade de corresponder a tudo aquilo que consideram essencial para a qualidade da educação dos filhos, também porque os avós têm hoje vidas profissionais mais longas. Estes pais estão cercados por muitas opiniões, e estes filhos, demasiado precocemente, têm acesso a uma cascata de informações e estão expostos a influências muitas vezes prejudiciais. Isso obriga os pais a serem mais atentos, mais presentes, a desdobrarem-se mais do que se fazia há uma geração. Hoje, é mais difícil sermos bons pais, sim.

Criou-se em torno dos pais a ideia de que o filho é quase um projeto de carreira, uma forma de mostrar serviço.

Como referiu, concede aos pais a liberdade de errarem. Aliás, refere que os pais saudáveis precisam de errar. Em que momento instituímos a infalibilidade como condição para a parentalidade?

Porque temos cada vez menos filhos e sentimos que temos de depositar neles tudo o que tivemos de bom — e também o que não tivemos. Criou-se em torno dos pais a ideia de que o filho é quase um projeto de carreira, uma forma de mostrar serviço. Tudo isto condiciona muito os pais. E essa lógica é transportada para os filhos.

Eduardo Sá é psicólogo clínico e psicanalista, professor da Universidade de Coimbra e do ISPA, em Lisboa. É autor de artigos e de livros científicos na área da psicanálise e da psicossomática. E de livros de divulgação no âmbito da saúde familiar e da educação parental. Foi colaborador da Antena 1 durante anos e assinou o programa Amor em Tempos de Crise, com Fátima Lopes, na TVI24. Atualmente faz o podcast Porque Sim Não é Resposta com Judite França e Bruno Vieira Amaral, na Rádio Observador, e escreve todos os domingos para o jornal Observador.

Estes vivem cercados de exigências: escolares, desportivas e sociais. Muitos pais tentam compensar-se pelas coisas que não fizeram, colocando expectativas sobre os filhos, por vezes de forma implacável. Em muitos momentos, a vida dos filhos não é só deles, mas um “caderno de encargos” com tudo aquilo que os pais não fizeram e gostariam de ter feito.

O que eventualmente também pode alimentar frustrações nos filhos...

Sim. Às vezes, as mães, na sua bondade, dizem-me com uma certa dose de vergonha: “O meu filho tem uma autoestima muito baixa.” Com toda a delicadeza, chamo-lhes a atenção para o quanto os pais contribuem para isso — mais do que possa parecer. Basta ver o que acontece com as mães quando uma criança entra no primeiro ano de escolaridade. Até aí, os pais constroem a ideia de que os filhos são fantásticos, mas depois percebem que eles não aprendem todos ao mesmo ritmo, com o mesmo sucesso. E isso abala e desola as mães. Como se os filhos não pudessem crescer ao seu ritmo. E isso não significa que tenham menos capacidade. Muitas vezes, são as mães que colocam essas exigências de forma inconsciente.

É tão sufocante em tantas alturas. As mães fazem muita pressão, mesmo sem intenção. E nas situações de avaliação, exames, ou em atividades desportivas, os miúdos tremem e ficam aquém do que valem. Esta pressão transmite insegurança. Os pais fazem-no por bondade, não tenho dúvidas. Mas quando ficam assustados com as dificuldades dos filhos, transmitem-lhes ainda mais medo e tornam-nos muito mais frágeis. Os filhos pensam: “Já não bastavam as minhas dificuldades, e agora os meus pais também estão assustados, então deve ser mesmo grave.” Isso torna tudo mais pesado.

Este livro é um antídoto contra os manuais de instruções. É uma forma de dizer aos pais: 'Erre, se faz favor'.

Lemos na introdução à obra que agora oferece aos escaparates: “Este não é um livro de instruções que transforme pais apaixonantes e sábios em tecnocratas da parentalidade”. Dá-me mote para lhe perguntar: o que se propõe ser este livro?

É muito simples. Preocupo-me com os livros que funcionam como manuais de instruções, às vezes de forma um bocadinho batoteira. “Transforme o seu filho noutra criança em dez dias”, “Faça do seu filho um líder”. São ideias absurdas. Este livro é um antídoto contra os manuais de instruções. É uma forma de dizer aos pais: “Erre, se faz favor”. Quando erramos, crescemos. E, como pais, somos muito intuitivos. Erramos pouco, na verdade. E quando erramos, nunca ficamos presos a um só erro. Além disso, a primeira função dos filhos é pôr-nos problemas.

“Os adolescentes são hoje tecnocratas de mochila” – Eduardo Sá, psicólogo clínico
“Os adolescentes são hoje tecnocratas de mochila” – Eduardo Sá, psicólogo clínico
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Costumo dar este exemplo: todos nós nos imaginamos boas pessoas e, ao imaginarmo-nos como pais, achamos que vamos ser pessoas ainda melhores. É verdade que nenhuma mãe, ao ter um filho pela primeira vez, imagina o quanto ele a vai tornar numa pessoa incrivelmente melhor. Dormem em suaves prestações de três horas durante meses e meses. E quando finalmente um filho chora, está a mãe a começar a dormir. Acorda e a primeira coisa que esta mãe faz é esboçar um sorriso carregado de bondade.
Portanto, o lado bom dos erros dos nossos filhos é que são um fator de crescimento para nós. Não os deixarmos errar é renunciar ao nosso próprio crescimento. E é muito importante que os pais percebam isto. Os filhos são pequeninos. Mas, por mais inteligentes que sejam — e eles são inteligentíssimos — a verdade é que nem sempre são capazes de, numa multiplicidade de alternativas, escolher logo a correta. Mas o que é facto é que, quando duas ou três pessoas — neste caso, os pais e os filhos — revelam a capacidade de pensar uns com os outros e aprender uns com os outros, a capacidade de crescerem é quase arrepiante.

Na parentalidade há margem para exercermos a autoridade? Hoje é uma palavra quase banida do léxico da educação. Escreve a este propósito que “todas as relações medrosas com a autoridade transformam uma família num ‘estado sem lei’”.

Precisamos, claro. Porque a autoridade é um exercício que condensa a sabedoria, o sentido de justiça e, já agora, a bondade. E, portanto, quando os pais dizem “não” a um filho, não sinto que seja necessário que esses pais corram a demonstrar os porquês desse “não”. À escala da bondade dos pais, quando atuam dessa forma, estão, de facto, a tentar ser bondosos. Mas o problema não é esse. Acontece que isso é vivido pelos filhos como uma manifestação de insegurança.
E, portanto, a autoridade é, de facto, como um norte para a bússola. O que me inquieta, para ser franco, é aquela ideia de que nós — e, neste caso, com alguma tristeza minha, às vezes por influência de muitos psicólogos — criámos a ideia de que quanto menos “nãos”, mais autoestima. Esta ideia não tem nem pés nem cabeça.

Porque, de facto, as crianças que sabem o que querem, que sabem para onde vão, são aquelas que, no fundo, foram contrariadas, episodicamente, com parcimónia, mas com coerência. Estas crianças foram fazendo escolhas, percebendo a diferença entre o correto e o incorreto, criando competências sociais e pessoais, foram ganhando autoestima.

Na prática, estamos a empurrar os pais com esse tipo de slogans para circunstâncias que considero muito graves. Porque os pais perdem muito facilmente o controlo dos filhos e o que temos, em muitas circunstâncias, são os filhos como pequenos tiranos e os pais assustados a obedecer.
Agora, também me parece que os pais que, enquanto filhos, viveram experiências menos fáceis, baralham autoridade com autoritarismo. A autoridade é um exercício de bondade, o autoritarismo é uma manifestação discricionária.

As crianças que sabem o que querem, que sabem para onde vão, são aquelas que, no fundo, foram contrariadas, episodicamente, com parcimónia.

A palavra “família” é um daqueles vocábulos que hoje assume novos contornos, define múltiplas realidades e também dá azo a discussões públicas, ideológicas e políticas. Abre o seu livro com uma pergunta muito direta: “Para que serve uma família?”. Escreve: “uma família serve para nos sentirmos acompanhados por dentro” e acrescenta que “uma família é uma barafunda”.

[Risos] Sim, basta olhar, por exemplo, para os jantares de Natal ou os aniversários quando se reúne uma família alargada. Uma família é como uma praça repleta de pessoas. É um local ruidoso. Às vezes, uns falam por cima das palavras dos outros. Uns estão numa picardia, e os outros estão a contar histórias.

“A capacidade de os nossos filhos raciocinarem sobre a informação na internet resume-se a uma palavra: desoladora” – Michel Desmurget, neurocientista
“A capacidade de os nossos filhos raciocinarem sobre a informação na internet resume-se a uma palavra: desoladora” – Michel Desmurget, neurocientista
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Uma família é um sítio da maior diversidade possível. Por isso é que, às vezes, quando vejo o mundo a viver com medo da diversidade, fico assustado, porque esta é um fator de crescimento.

Por isso é que uma família não é um lugar onde todos são iguais. Pelo contrário: é um lugar onde as nossas diferenças cabem junto das diferenças dos outros.
Aquela ideia de que uma família é um sítio bucólico é mentira. Uma família é o sítio mais amigo do conflito que existe. E quando esse conflito é bem aproveitado, uma família cresce e cresce e cresce.

Há no livro uma pergunta — “Para que nos servem as crianças?” — que lhe sugere múltiplas respostas. Estas soam-nos como um manifesto, uma espécie de cartilha recordatória do que devia estar sempre presente. Esquecemo-nos verdadeiramente da resposta a esta pergunta? Ou, dizendo de outra maneira, para que não servem as crianças?

Sabe que as crianças têm uma capacidade face à qual, tragicamente, nos divorciámos. As crianças têm a capacidade da surpresa, do espanto, do entusiasmo, da alegria, de pedir ajuda, de poder chorar no colo de alguém sem pedir licença, de pedir colo mesmo quando não pedem, mas exigem. Esta capacidade de viverem com intensidade é absolutamente preciosa, porque muitas vezes a rotina e a velocidade dos dias afastam-nos disso. Ter crianças ao nosso lado, quase a relembrar-nos o quanto isso faz sentido, é absolutamente indispensável.

As crianças servem para nos reconciliarmos com a vida. É urgente, porque às vezes andamos empanturrados de trivialidades do dia a dia, cansados ou zangados com a vida. E as crianças obrigam-nos a parar.

Às vezes, é preciso que chegue uma criança a uma família, que faça uma gracinha, diga algo desconcertante, para sermos capazes de nos desmancharmos em pequenas peças e de nos arrumarmos outra vez. Às vezes, é preciso uma criança chegar a uma família para voltarmos a ser capazes de rir. Acho isso trágico. Significa que andamos todos muito sisudos, azedados com a vida. Uma criança serve para isso: para nos reconciliarmos com a vida, para percebermos que, por distração ou contra a nossa vontade, nos afastámos dela.

Separa a paternidade e a maternidade em dois capítulos a que chama “querida mãe” e “querido pai”. Fê-lo com o propósito de marcar a distinção de papéis entre ambos ou para enfatizar a complementaridade na educação dos filhos?

Também por isso. Mas sobretudo para destacar o lado inacreditável que as mães e os pais são capazes de desempenhar. É notável que as mães chamem a si o cuidado dos filhos, assumam um conjunto de tarefas que não deveriam ser só delas. Que trabalhem, que tenham de ser multifunções, que estejam sempre com uma checklist na cabeça sobre tudo o que é indispensável para a vida dos filhos.

O papel do pai é muitas vezes incompreendido. Há um discurso discriminatório em relação ao homem, como se ele não fosse capaz de fazer mais de uma coisa de cada vez. Considero que as pessoas não se dão conta do quão difícil é ser pai, de como o pai é uma figura que peca por excesso de discrição. Ele garante uma retaguarda, mesmo na relação da mãe com os filhos, que não é assim tão vulgar. Às vezes digo, em resposta a esse comentário pouco simpático sobre os pais, que gostava de ver a mãe a ser pai durante dois meses, a ser, em muitos momentos, a segunda figura na atenção e manifestação de carinho dos filhos. As mães não aguentariam mais de dois meses com tal exigência. Na fúria dos dias, às vezes não paramos para olhar para quem está ao nosso lado, para nos darmos conta do que conseguem fazer.

Desta forma, quis com estes capítulos chamar a atenção para o pai e para a mãe. Porque, às vezes, nos manuais de instruções rápidas, vejo que os pais são tratados como débeis mentais que têm de ser levados pela mão — por autores que muitas vezes não são pais ou que leram alguns livros à pressa.

Pais inexperientes são sempre pais mais inseguros. E isso significa que leem tudo sobre parentalidade, compram todos os cursos de preparação.

Leva para o livro um tema que suscita acaloradas discussões: “Todos comparamos os filhos uns com os outros”. Os pais não gostam igualmente e da mesma maneira dos filhos?

Não. E não é dramático. Quando somos pais pela primeira vez, independentemente da nossa experiência de filhos, de termos irmãos mais novos, sobrinhos, seja o que for, todos somos profundamente inexperientes. Pais inexperientes são sempre pais mais inseguros. E isso significa que leem tudo sobre parentalidade, compram todos os cursos de preparação. E, como é óbvio, os pais mais inseguros, quando têm o filho nos braços, estão atentos a tudo.

Costumo dizer que um primeiro filho devia ser declarado sempre uma criança em perigo. Somos tão protetores, substituímo-nos tantas vezes ao filho, que, sem querer, o primeiro filho acaba por ser mais inseguro. Já o mais novo é um rebelde encartado, mais seguro, porque, sem nos darmos conta, favorecemos mais a sua autonomia, deixamo-lo crescer de outra forma.

Há muitas condicionantes que nos ligam aos filhos. Às vezes são secretas, mas não precisam de ser. Uma coisa é desejarmos muito uma gravidez, outra é sermos surpreendidos por ela. Uma coisa é termos um filho do nosso sexo e pensarmos que será mais fácil sintonizar. Outra é ele ser tão diferente que nos baralhamos. Ou então, quando um filho replica o nosso mau feitio, zangamo-nos com ele, por não sabermos lidar connosco.

Adolescentes e redes sociais “Uma coisa é dizermos ‘mostra-me já o teu telemóvel’, outra é ‘com quem tens estado a conversar?’” – Psicólogo Tiago Pimentel
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Os filhos crescem em direções tão diferentes. É muito importante que os pais percebam que também precisam de admirar os filhos.
Há filhos que nos desafiam e avivam aquilo que não somos capazes de fazer. Ciclicamente, sintonizamo-nos mais com um, às vezes protegemos mais outro, às vezes esquecemo-nos daquele que parece mais independente e está a precisar muito de nós.

Falhamos mil vezes quando temos vários filhos, porque não somos capazes de gostar de todos da mesma maneira ao mesmo tempo. E isso não nos faz maus pais. Faz-nos humanos. O problema é que os pais nem sequer admitem que isso acontece.

No capítulo 42 apresenta-nos “os amigos das crianças de A a Z”. E, neste contexto, inclui a Fúria e a Hipocrisia. Porquê?

Faz parte da vida [risos]. Costumo dizer aos pais — e é verdade, inclusive biologicamente — que a fúria é o melhor ansiolítico e antidepressivo do mundo. Gosto que as crianças tenham as suas fúrias. Os pais também as têm. O problema não é termos fúrias, é termos humildade para reconhecer que as tivemos e crescemos com isso.

E depois aprendermos com a vida a ter fúrias com os “cantos arredondados”, com lealdade e maneiras. Isso só se aprende tendo fúrias.
A hipocrisia é a mesma coisa. Gostava que fôssemos todos mais sinceros, mas não o somos. O desafio não é sermos hipócritas, é reconhecermos quando o estamos a ser.

É importante termos a noção de que mesmo dentro dos amigos dos filhos há os mais amigos, aqueles de circunstância, outros utilitários. E, lá está, que os pais sejam uma entidade reguladora, serena, que vá decifrando isso tudo e convide os filhos a serem tão transparentes quanto conseguirem. Primeiro com os pais, depois com os amigos.

Não precisamos de viver para agradar aos outros. A vida aceita pessoas verdadeiras e valoriza-as de uma forma tal que não vale a pena dizermos aos nossos filhos para criarem uma identidade para uso externo.

Escreve que a “infância pode estar ‘à beira da extinção’”. Porquê e o que podemos fazer enquanto pais para o evitar?

A primeira coisa é reconhecer que a grande capacidade que os nossos filhos têm é a de serem crianças. Mas, para isso, precisam de tempo. Não digo isto só como metáfora.

As crianças brincam de menos, trabalham de mais, têm exigências sobre elas exorbitantes. Temos de ter a coragem de perceber que o importante nelas não é o dia depois de amanhã ou uma carreira. O mais importante é o dia de hoje, é poderem ser crianças enquanto o são, ou adolescentes quando o são.
Na ânsia de lhes dar instrumentos e recursos, tiramos-lhes o tempo de serem crianças. A esmagadora maioria trabalha doze horas por dia, inclusive ao fim de semana. Têm cada vez menos intervalos e recreios. Brincar é algo que conquistam num buraquinho do fim de semana.

Se queremos ter uma relação séria com a humanidade, temos de repensar a forma como nos relacionamos com as crianças.