"Estamos hoje perante um enorme desafio que carece da resposta de todos" e todos somos "chamados a contribuir para dar resposta a esta pandemia", começou por dizer Graça Freitas, esta tarde, em conferência de imprensa, em Lisboa, no mesmo dia em que foram confirmados 78 casos de COVID-19 em Portugal.
"Devemos adotar medidas simples, que implicam mudanças da rotina do dia a dia, mas que valem a pena", afirmou, para logo a seguir citar algumas:
- A higienização das mãos deve ser mais frequente e mais cuidadosa;
- A limpeza das superfícies e dos objetos deve ser mais regular;
- Adotar medidas de etiqueta respiratória para não passar gotículas para outra pessoa através da fala, espirro ou tosse;
- Ter atenção ao estado de saúde: as pessoas que tiverem doenças crónicas devem tê-las o mais controladas possível, como ter a medicação em dia;
- As pessoas que tiverem sintomas como febre, tosse ou dificuldade respiratória devem abster-se de ir trabalhar;
Graça Freitas enumerou também outras medidas, que considerou "muito importantes", e que dizem respeito ao distanciamento social, o que implica "reduzir os contactos sociais ao estritamente necessário". "Ditam estas medidas que devemos evitar aglomerados de pessoas e respeitar o nosso espaço e o espaço dos outros", reforçou a diretora-geral da Saúde.
No caso do isolamento profilático voluntário, Graça Freitas enumerou três "coisas essenciais":
1. Fique em casa: isso significa não ir ao trabalho, não ir à escola, não ir a locais públicos e não receber visitas em casa. É uma medida temporária e extremamente importante para a saúde de todos;
2. Utilize o telefone se tiver sintomas antes de se dirigir a uma instituição de saúde: ligue para o SNS 24 (808 24 24 24), para o seu médico, enfermeiro ou equipa de saúde; utilize a Internet para se atualizar e manter contactos sociais;
3. Isole-se de outras pessoas: "Se viver com outros membros da sua família, quererá certamente mantê-los em segurança, estando num quarto separado e se possível com casa de banho própria; não partilhe objetos domésticos; se fizer encomendas ou compras online, peça para as mesmas serem entregues à porta de sua casa; se puder, faça as refeições no seu quarto", sugeriu.
Contamos com todos, porque somos todos agentes de saúde pública
"Estamos a recomendar medidas que vão ao encontro deste distanciamento social, como o adiamento de eventos que envolvam muitas pessoas pelo risco que representam", disse ainda Graça Freitas, no final da sua intervenção. "Foi determinado o encerramentos de certas escolas, piscinas, ginásios, momentos ou bibliotecas em localidades específicas e de acordo com o risco", recordou. "Foram determinadas medidas para proteger as pessoas mais vulneráveis, como idosos ou doentes, limitando as visitas a lares ou hospitais". "Sabemos que são medidas difíceis, mas muito importantes", comentou. "Temos que ser solidários e tomar conta dos que mais precisam", opinou.
"Contamos com todos, porque somos todos agentes de saúde pública", frisou a diretora-geral da Saúde.
Secretário de Estado pediu responsabilidade individual
Na mesma conferência, António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, sublinhou que "o primeiro caso de recuperação em Portugal é um sinal de esperança", para logo a seguir lembrar que "pouco vale ter um plano de preparação nacional se não houver um plano de contingência em cada família e em casa casa e se não houver responsabilidade individual".
"Os portugueses estão todos convocados para esta batalha e todos devemos estar à altura daquilo que nos é exigido", disse o governante.
O novo coronavírus responsável pela COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
A China registou nas últimas 24 horas 15 novos casos de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro.
Até à meia-noite de quarta-feira (16:00 horas em Lisboa), o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infetados.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
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