As hormonas, mensageiras químicas presentes na corrente sanguínea, têm um papel essencial na regulação do equilíbrio do nosso organismo e especialmente da nossa alimentação, influenciando o apetite e escolhas alimentares.
Comemos muitas vezes para nos premiarmos ou compensarmos as nossas necessidades emocionais. Tal acontece porque a comida liberta várias hormonas que geram prazer, relaxamento e bem-estar, podendo mesmo tornar a pessoa viciada em determinados alimentos. A dopamina, por exemplo, é libertada sempre que comemos algo que queremos muito, ativando as mesmas áreas que determinadas drogas no nosso cérebro.
Neste sentido, as hormonas permitem compreender a escolha de determinados alimentos quando as pessoas estão, por exemplo, nervosas ou irritadas. Quando estamos mais stressados, muitas vezes optamos por alimentos crocantes porque o movimento da mandíbula, ao mastigar, liberta um conjunto de hormonas que relaxam o corpo. Também os doces, são muitas vezes os escolhidos nestes momentos por estarem associados a momentos felizes das nossas vidas.
Assim, torna-se importante compreendermos de que forma as hormonas regulam o apetite e o que potencia a sua libertação. As principais intervenientes são a insulina, a grelina, o cortisol, a leptina e o glucagon.
A insulina é libertada quando comemos hidratos de carbono ou quando estamos em jejum há mais de 4 horas. Em excesso, esta substância provoca o desejo de comer doces e potencia o acumular de gordura. A grelina, produzida no estômago, é a responsável por indicar quando temos fome e quando estamos saciados. Já o cortisol é ativado quando estamos em situações de stress, favorecendo o aumento de gordura abdominal e a retenção de líquidos. A leptina, produzida pelo tecido adiposo, indica ao organismo a necessidade de comer mais quando as reservas de gordura são baixas e de comer menos quando estas são elevadas. Por fim, o glucagon, a hormona contrária à insulina, atua quando ingerimos proteína, sendo por isso importante incluir este macronutriente nas refeições diárias.
Desta forma, é possível explicar, por exemplo, por que motivo temos vontade de comer doces quando estamos de mau humor: As hormonas são as culpadas - Os hidratos de carbono facilitam o transporte de uma substância chamada triptofano, importante para a produção de serotonina, o neurotransmissor do prazer e da felicidade. Isto leva a que o nosso corpo peça doces nestas situações.
Também as variações diárias do ciclo hormonal influenciam a nossa alimentação. Sabe-se que a atividade da insulina é máxima ao meio-dia e bastante reduzida após as sete horas da tarde. É por isso que é melhor ingerir hidratos de carbono ao meio-dia, como o pão, arroz e a batata, e ingerir apenas a proteína acompanhada de vegetais ao fim do dia.
Jantar depois das 21h30 altera o ritmo hormonal e produção da melatonina, a hormona do sono, que por sua vez destabiliza a insulina, favorecendo o aumento de açúcar no sangue e a gordura corporal.
Três dicas
No entanto, todas as pessoas são diferentes, o que poderá desencadear reações distintas. Ainda assim, partilho três dicas que implemento junto dos meus pacientes e que eu própria me esforço por seguir diariamente:
- Fazer uma dieta hormonalmente correta, ou seja, incluir proteínas em todas as refeições do dia, pois esta estimula a secreção de glucagon, a hormona contrária à insulina, o que equilibra o açúcar no sangue. Desta forma, evitam-se os picos que nos fazem comer doces para compensar a falta de açúcar.
- Evitar a comida de conforto, por norma nada saudável. Para isso, o melhor é adaptar o paladar à necessidade. Por exemplo, quando fizer um bolo, corte na quantidade de açúcar. Assim, em tempos de fraqueza emocional, terá a possibilidade de satisfazer o desejo e, ao mesmo tempo, dosear a ingestão de açúcar.
- Em momentos de grande ansiedade, o que funciona melhor é combinar uma fonte de proteína e cálcio, por exemplo um iogurte, com uma fruta da estação, rica em fibras, vitaminas e minerais. A combinação da proteína do iogurte com o sabor fresco da fruta ajuda-nos a sentir saciados sem o consumo excessivo de calorias.
Os conselhos são da nutricionista Ana Rita Santos do grupo Pronokal.
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