A pandemia global de COVID-19 que afeta Portugal desde março de 2020 levou milhões de pessoas em todo o mundo a reverem as prioridades e a adquirirem novos hábitos a vários níveis. Pelo facto de passarem mais tempo em casa, muitas habituaram-se a cozinhar mais vezes, privilegiando refeições nutritivas e ingredientes naturais de origem biológica, mais saudáveis, assim como alimentos funcionais, para reforçar o sistema imunitário em tempo de surto viral. Em 2021, perspetivam-se novas mudanças.
1. Alimentação funcional
Somos o que comemos e estamo-nos a mentalizar cada vez mais disso. Não é por isso de estranhar que, em 2021, aumente o consumo de ingredientes funcionais, como antecipam os analistas. Os alimentos antioxidantes, ricos em vitaminas e sais minerais, como os frutos vermelhos e os vegetais verdes, figuram no topo da lista.
A ingestão de probióticos, microorganismos que agilizam o processo de absorção dos nutrientes que consumimos, melhoram o processo digestivo e reforçam o nosso sistema imunitário, também tenderá a crescer. Estas bactérias saudáveis estão presentes nos iogurtes, nos leites fermentados, no quefir, no miso e no chocolate negro.
2. Proteínas vegetais
À semelhança do que se tem vindo a verificar nos últimos anos, a preocupação com a sustentabilidade ambiental vai continuar em cima da mesa, com as empresas da indústria alimentar a lançar mais produtos veganos e vegetarianos. Os especialistas globais anteveem, assim, nos próximos anos, um maior consumo de proteínas vegetais em substituição da carne e do peixe.
As leguminosas, o tofu e o seitan vão continuar a registar grande procura. As bebidas de origem vegetal, que têm vindo a conquistar muitos portugueses, são outros dos produtos que vão ver o seu consumo crescer em território nacional. Uma das marcas que reforçou a aposta neste segmento de mercado é a Nestlé, que lançou a Wunda, uma marca de bebidas vegetais à base de ervilha.
3. Suplementação alimentar
A pandemia levou muita gente a sentir uma maior necessidade de reforçar o sistema imunitário através da suplementação, uma tendência que prossegue em 2021. Além da vitamina C e da vitamina D, o zinco e o selénio figuram entre as substâncias mais procuradas. Em Portugal, não existem números oficiais mas, nos EUA, segundo um estudo, o consumo de suplementos alimentares cresceu mais de 50% em 2020.
4. Remédios naturais
Adicionados aos cozinhados na sua versão natural ou ingeridos em suplementos alimentares de venda livre, estão, tal como os alimentos funcionais, em alta este ano. A equinácea, o sabugueiro, a curcuma, o astrágalo, o gengibre e a kombucha, reconhecidos internacionalmente pelas suas propriedades terapêuticas, vão ver o seu consumo crescer ao longo dos próximos meses, defendem os analistas. A procura de alimentos probióticos, ricos em fermentos naturais, também é uma tendência esperada.
5. Maior produção local
Valorizar o que é cultivado e produzido no nosso país ou até mesmo na região em que nos inserimos é outra das tendências. Para além de reduzirmos a nossa pegada ecológica ao apostar em víveres com menor necessidade de transporte, estamos também a valorizar a economia local, auxiliando produtores que viram a sua atividade afetada pelo surto viral.
Esta é também uma forma de consumirmos os produtos da época, mais saudáveis e nutritivos. A pandemia levou muitos consumidores a recorrer novamente às mercearias de bairro, uma das formas de escoamento desses ingredientes alimentares, para fugirem das grandes superfícies comerciais, locais de maiores concentrações de pessoas.
6. Flexitarianismo progressivo
Numa época em que muitas posições se extremam, os analistas estão convencidos de que a maioria vai começar a perceber que no meio é que está a virtude. Muitas pessoas, constatando que nunca conseguirão convencer um consumidor regular de proteína animal a tornar-se vegetariano, defenderão um flexitarianismo progressivo, um conceito que tem vindo a ganhar projeção mediática nos últimos anos.
Este regime alimentar tem por base a ingestão de produtos de origem vegetal mas que, ainda assim, tolera o consumo ocasional de carne e de peixe. A indústria alimental também vai promover este conceito, introduzindo novas gamas de produtos desenvolvidas à base de legumes e leguminosas. Algumas das maiores empresas de restauração de comida rápida deram, nos últimos meses, passos nesse sentido.
7. Dietas (mais) permissivas
Nos últimos anos, foram muitos os que se cansaram de seguir regimes hipocalóricos restritivos que nem sempre correspondiam às expetativas que criavam. Os especialistas anteveem, por isso, uma mudança de paradigma, com a moderação e a ingestão de ingredientes naturais de origem biológica a conquistarem novos adeptos.
Dietas mais permissivas mais prolongadas no tempo, que a ciência já provou serem mais saudáveis e eficientes do que os regimes alimentares hipocalóricos mais penalizadores e castradores, são outras das formas de equilíbrio que tenderão a ser regra. Um pouco por toddo o mundo, são milhares os dietas e os nutricionistas que já as prescrevem.
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