O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, explicou em conferência de imprensa que ficam interditadas todas as atividades comerciais ou industriais "exceto aqueles que são relativas ao setor alimentar".
Será criada "uma cerca sanitária a todo o município" e serão estabelecidas "restrições a atividades económicas e circulação de pessoas". A entrava no município "fica vedada aos residentes".
"Fechamos todos os restaurantes, fechamos todas as oficinas, mantém-se abertas as padarias e supermercados. Igualmente as farmácias, bancos e postos de abastecimento de combustíveis", disse.
A linha de caminhos de ferro do Norte, que atravessa o município de Ovar, continuará a funcionar, explica Eduardo Cabrita, que adianta que "nas estações situadas nesse município não haverá entrada nem saída de passageiros". As medidas têm efeitos a partir de amanhã e vigoram até 2 de abril.
Na mesma conferência, Marta Temido, ministra da Saúde, adiantou haver 30 casos confirmados de COVID-19 em Ovar, estando outros 440 em monitorização.
O presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, escreveu esta terça-feira que, após um aumento dos casos em Ovar, distrito de Aveiro, o governo iria decretar "estado de calamidade específico" e que o município iria "entrar em quarentena geográfica".
Primeira morte em Portugal
Portugal registou ontem a primeira morte por COVID-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Há pelo menos 448 pessoas infetadas em Portugal, segundo o boletim diário divulgado esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República anunciou no domingo uma reunião do Conselho de Estado na quarta-feira para "analisar a situação". Marcelo Rebelo de Sousa deverá decidir amanhã se decreta ou não Estado de Emergência, um estado de exceção que só pode ser declarado em casos de grave ameaça ou perturbação da ordem democrática ou de calamidade pública.
O Governo português ativou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”. O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 7.000 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ronda as 175 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.
França decretou o isolamento obrigatório na segunda-feira e suspendeu a segunda volta das eleições municipais.
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou na semana passada ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas.
Também foi anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália e de e para Espanha.
A Direção-Geral de Saúde reforçou as recomendações à população.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu há uma semana alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.
Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
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