Todos nós precisamos de sentir, de explorar e de amar. De uma forma ou de outra, todos nós acabamos por procurar o amor, apesar disso, é comum ouvirmos que o amor é difícil de encontrar, que a pessoa certa parece nunca chegar, ou que, no limite, ‘todos os homens - ou mulheres - são iguais’ e, por isso, mais vale desistir do amor. 

A verdade é que não é assim tão difícil encontrar o amor, as pessoas não são todas iguais e, muitas vezes, até encontramos a pessoa ‘certa’, mas não nos permitimos a viver o amor em pleno, sem restrições. No fundo, se pensarmos bem encontrar o amor não é difícil, difícil é permitimo-nos a viver o amor.

Viver o amor e permitimo-nos a amar, implica abandonar muitas das nossas barreiras internas, implica reinventar-nos, permitimo-nos a ser casa para alguém e deixarmos que alguém se torne casa para nós. 

No meio deste desafio que é viver o amor, teimamos em levantar barreiras que vão tornar vivê-lo inacessível. Algumas das barreiras mais comuns são: 

  • Acreditarmos que o amor é mágico - sim, o amor tem um toque de magia, mas não é necessariamente simples. Apesar de nos fazer sentir ‘borboletas na barriga’, implica que nos esforcemos em direção a uma relação amorosa, implica cedências, implica compreensão, flexibilidade e espaço para nos sintonizarmos física e emocionalmente com o outro. Apesar de, por vezes, parecer mágico, viver o amor é muito mais do que simples magia. 
  • Termos medo de nos dar ao outro - permitimo-nos a viver o amor, implica darmos ao outro todos os nossos lados, desde os mais fortes, aos mais frágeis. Implica permitirmo-nos a ser nós próprios e a deixarmo-nos ser permeáveis ao outro. Muitas vezes, dar vida ao amor torna-se extremamente difícil, porque para nos protegermos - porque temos muito medo de nos magoar -, evitamos dar-nos ao outro, evitamos confiar o nosso interior e tudo aquilo que somos a quem temos ao nosso lado. No entanto, só quando somos capazes de o fazer, podemos viver o amor em toda a sua dimensão.  
  • Tornarmos o amor uma prisão - porque temos demasiadas vezes medo de perder a outra pessoa, porque temos medo que apareça alguém que brilhe mais do que nós no coração da outra pessoa, muitas vezes, restringimos a liberdade da pessoa que amamos. E, quando assim é, não há amor que resista e que se prolongue no tempo, dando vida a uma relação. Por isso, lembremo-nos que um grande amor é sempre livre e só existe em liberdade. É quando não temos necessidade de ‘prender’ o outro à relação, que temos a certeza que estamos perante um grande amor. Assim, se é amor, sabemos que podemos deixar ir, porque no limite retornará sempre até nós.

Perante tudo isto, se queremos encontrar o amor, temos de nos lembrar em primeiro lugar, que encontrar o amor é uma missão simples, vivê-lo é que se torna uma missão mais complexa e avassaladora. Por isso, para vivermos o amor, temos de nos permitir a derrubar e a transformar algumas das nossas barreiras internas, para depois, viver o amor sem condicionantes, de forma livre e autêntica.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.