Continuamos - vezes demais - a acreditar que ter saúde mental é estar bem o tempo todo e que ter saúde mental é sermos sempre positivos. E este é um dos principais handicaps da Saúde Mental. Porque ter saúde mental é, em primeiro lugar, ouvirmos e respeitarmos as nossas emoções.
No fundo, alguém com saúde mental é alguém que consegue estar triste, que se permite a chorar, que se permite a zangar e a sentir raiva e que, quando existe bem-estar, se permite a estar alegre e solto.
Por isso, sempre que estamos tristes ou alguém está triste à nossa volta, e ao invés de respeitarmos a tristeza da pessoa avançamos com “tens de ser positivo”, “tens de te distrair e não pensar nisso”, não só não contribuímos para que a pessoa fique alegre, como fazemos o oposto daquilo que a saúde mental exige. Ou seja, forçamos a pessoa a sair do estado que, naquele momento, o corpo lhe está a pedir para que consiga reequilibrar-se.
O grande problema é que, na nossa cultura, continuamos a associar a tristeza, o medo ou a raiva à vulnerabilidade e à ideia de fraqueza. É, por isso, de extrema importância mostrar que nenhum desses estados implica falta de saúde mental e, pelo contrário, sempre que damos a esses estados significado e somos capazes de os gerir criamos condições propícias à nossa saúde mental.
Desta forma, nunca nos esqueçamos que a saúde mental exige sempre que sejamos agentes ativos da nossa própria vida e que consigamos com segurança em nós próprios respeitar os vários estados emocionais pelos quais vamos passando.
A condição humana implica que temos um sem fim de emoções e, assim sendo, é essencial permitirmo-nos a experienciar as nossas emoções. Isso é respeitarmos a nossa condição humana e abrirmos espaço à saúde mental.
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