As emoções são por si só complexas, para além disso, as crianças ainda não apresentam a maturidade necessária a nível de desenvolvimento para estarem aptas a lidar de forma eficiente com tudo aquilo que vivenciam.
Por isso, é comum os pais sentirem — mais frequentemente do que desejariam — que as crianças estão irritadas e, por vezes, terem a sensação que a irritação é tanta que a criança parece estar prestes a explodir.
Sempre que este cenário se intensifica e uma criança se irrita com todos os detalhes, é sinal de que está a precisar de deitar para fora de si várias emoções que se estão a acumular e a gerar esta irritação persistente e contínua.
Como nem sempre é fácil para as crianças expressarem-se, é essencial que os adultos à sua volta as ajudem neste processo e as guiem para que consigam fazer e para que as suas experiências emocionais consigam sair de dentro de si e ter um lugar para se expressar.
Por isso, se o seu filho está permanentemente irritado, comece por:
1. Ficar atento aos sinais
Observe antes de tentar agir. Fique atento à criança e tente perceber se há gatilhos que desencadeiam esta irritação, tente perceber qual é o comportamento e o contexto da criança quando está irritada. Observe-a também nos momentos bons e tente perceber se há mais sinais de alerta associados à criança. Quando for capaz de reconhecer os gatilhos e os sinais que despertam a irritação, aí sim, poderá agir e mostrar à criança possíveis formas de lidar com essas circunstâncias.
2. Não reagir em espelho
Se o seu filho está irritado, tente não reagir com irritação também, caso contrário só gera confusão e caos. Tente, em primeiro lugar, acolher a irritação dele, tente perceber de onde vem essa irritação. Posteriormente dê-lhe segurança e mostre-lhe que juntos serão capazes de resolver toda a irritação que está a sentir.
3. Colocar a criança a expressar
A irritação é uma forma de libertar tudo aquilo que está dentro da criança e que ela não conseguiu expressar e elaborar de forma adequada. Por isso, introduza vocabulário emocional com a criança e puxe por ela para que consiga colocar por palavras e dar um nome a tudo aquilo que sente. Ajude a criança a expressar dizendo-lhe, por exemplo “reparei que quando a tua irmã utiliza os teus brinquedos, há qualquer coisa dentro de ti que muda, parece que ficas muito irritado. Imagino que partilhar brinquedos seja difícil para ti. Estarei certa?”. Quando o fazemos, mostramos à criança que estamos disponíveis para ouvir o que ela está a sentir, sem a julgarmos. Este movimento é essencial para colocarmos a criança a expressar, validando o que ela sente em primeiro lugar e só depois a ‘puxando para a realidade’, balizando o comportamento dela.
Lembre-se que uma criança permanentemente irritada é uma criança que está a pedir ajuda e apoio para se expressar, por isso, torna-se essencial ajudar a criança a libertar-se de tudo aquilo que sente de forma segura e afetuosa. Só assim, gradualmente, a criança será capaz de reduzir os seus níveis de irritação.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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