As festas são vistas como uma época de felicidade e regozijo, mas, para algumas pessoas pode ser um período de reflexão, tristeza, solidão, depressão e ansiedade. Este período costuma ser um momento de grandes emoções e exigências, o que pode deixar muitas pessoas ansiosas e exaustas. Sentir-se deprimido(a) durante o período conhecido como “a época mais maravilhosa do ano” pode ser incrivelmente difícil.
Lutar para não se sentir frustrado(a) com o espírito jovial das pessoas que estão à sua volta é uma experiência de isolamento e inquietação enorme. Mais ainda, quando sua família e amigos estão a implorar para que você “se anime”. Mas a depressão, o mau humor e outras condições de saúde mental (a título de exemplo, leia este e este artigos): não desaparecem simplesmente porque é Natal, especialmente quando sente uma diferença gritante entre a sua mente e o mundo ao seu redor, ou quando existe uma disparidade entre o que esperamos que o Natal seja e o que realmente é.
Para as pessoas que se sentem depressivas nesta altura, a imagem de um “Natal perfeito” com amigos e familiares pode fazer com que se sintam ainda mais sozinhas.
Deixo-lhe algumas dicas para o(a) ajudar a lidar com esta época festiva:
1. Não obstante o que está a sentir, cuide de si. Por mais óbvio que possa parecer, cuidar de si mesmo durante a época festiva é fundamental. Se viajar no Natal e ficar na casa de um amigo ou familiar, a sua rotina pode sofrer alterações. Por exemplo, se sua rotina habitual de autocuidado para quando se está a sentir particularmente deprimido(a) envolve afastar-se e ler ou escrever um pouco, é importante que o faça, mesmo se estiver longe de casa. É essencial priorizar as coisas que o(a) fazem se sentir melhor – só porque é Natal, não significa que você precise sacrificar a rotina que estabeleceu para cuidar da sua saúde mental. O mesmo vale para o sono, refeições e controlo do consumo do álcool.
2. Fale sobre o que sente. Quando se sente deprimido(a) durante a época de Natal, é importante conversar com as pessoas ao seu redor sobre o que você está a sentir. Em vez de se esconder e evitar amigos e familiares, tente entrar em contacto, ajude-os a entender o que você está a passar e conte com o apoio deles. Além disso, se ainda não tem ajuda profissional, é uma boa altura para a procurar, seja através de linhas de apoio (SNS24), seja em acompanhamentos mais estruturados.
3. Afaste-se das redes sociais. O que consumimos nas redes sociais pode ser prejudicial para nossa saúde mental, portanto, durante o período festivo – quando as pessoas compartilham os destaques de seu “Natal perfeito” – é melhor ficar longe dessas publicações. O Natal não é o que vemos nas fotografias programadas e aparentemente coloridas.
4. Não aceite todos os convites. Muitas pessoas sentem-se pressionadas a dizer sim a todos os planos e convites que recebem nesta época do ano, mas não há problema em dizer não a coisas que você não quer fazer para proteger a sua saúde mental. Priorize as coisas que você gosta de fazer e veja as pessoas que são realmente importantes para você e lhe trazem alegria. Não se coloque sob pressão desnecessária, priorize as suas tarefas e lembre-se de ser gentil consigo mesmo(a).
5. Saia de casa. Se passar o período de Natal com muitas pessoas, ficar dentro de casa pode tornar-se um pouco sufocante. Supere essa sensação saindo de casa pelo menos uma vez por dia para apanhar um pouco de ar fresco. Estimule os seus sentidos e permita-se ter um momento só para si.
6. Não faça resoluções de ano novo que não lhe façam sentido, mas pondere procurar ajuda, no caso de achar que necessita de estratégias mais eficientes para alturas difíceis como esta. Priorize-se. E, acima de tudo, não se sinta sozinho.
Nesta altura do ano, nunca é demais relembrar que o mais importante é termos saúde, procurarmos um propósito e criarmos boas memórias. O sofrimento de cada um é imensurável e, por essa razão, não devemos desvalorizá-lo e, sim, procurar apoio para melhorarmos a nossa qualidade de vida. Merece ser feliz. E merece ter o melhor da vida.
Bom Natal e boas entradas!
Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense.
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