A dieta cetogénica é uma dieta com uma ingestão muito baixa de hidratos de carbono. O objetivo da dieta é diminuir as reservas de glicogénio (hidratos de carbono armazenados no músculo e fígado) de modo a que o nosso fígado produza corpos cetónicos. É uma reposta natural do organismo ao jejum, exercício prolongado e demais situações onde a disponibilidade de hidratos de carbono fica comprometida.
A cetose inicia-se não porque a ingestão de gordura é elevada, mas sim porque a ingestão de hidratos de carbono é limitada, sendo este o único requisito básico para a sua indução. O limite máximo de ingestão de hidratos para a indução da cetose anda à volta das 50g/dia embora este limite possa variar de pessoa para pessoa.
São necessários por norma dois dias com uma ingestão de hidratos de carbono abaixo das 50g, (ou 5% do valor energético total da dieta) para se iniciar a produção de corpos cetónicos, o que quer dizer que alimentos como pão, cereais, arroz, massa, batata, leguminosas e quase todas as frutas ficam de fora desta dieta. É também reconhecido que uma dieta excessivamente proteica pode impedir a formação de corpos cetónicos porque muitos desses aminoácidos em excesso podem ser convertidos em glicose.
Qual o efeito no organismo?
A indução da cetose na perda de peso tem dois propósitos principais, um deles fisiológico e o outro comportamental. Do ponto de vista fisiológico, o estado de cetose tem um papel positivo na saciedade, o que permite que um plano alimentar com uma forte restrição calórica (600 a 1000 kcal de ingestão calórica diária) seja cumprido com menos fome. É fundamental realçar a este nível que a maior perda de peso numa dieta cetogénica acontece pela maior restrição calórica imposta.
Não será pela redução dos níveis de insulina, nem pela cetose em si, pois se a quantidade de gordura da dieta for demasiado elevada, é até possível engordar com uma dieta cetogénica. Como tal, mesmo alimentos com “boas” gorduras como o azeite, ovos, nozes, amêndoas e demais frutos gordos, sementes, abacate devem ser muito controlados quando o objetivo da dieta cetogénica é perder peso.
É desta forma que na minha opinião uma fase cetogénica deve ser olhada: como uma fase rápida e transitória que permite uma maior perda de peso em comparação com uma dieta “convencional”, mas que não é um estilo de vida nem uma reeducação alimentar.
Na vertente comportamental, as dietas cetogénicas com gama de produtos também possuem um efeito vinculativo maior, uma vez que não podem existir “asneiras” ou “fugas” ao plano (pelo menos que incluam hidratos de carbono). Durante 10 a 30 dias, o paciente apenas poderá comer os alimentos prescritos no plano com uma forte restrição até das refeições feitas em contexto social (onde por norma se cometem os maiores desvios nutricionais). É assim uma dieta mais restritiva com vista à perda de peso que alia restrição calórica elevada, inibição do apetite e maior controlo da alimentação “social”.
Uma boa alternativa?
Em suma, a dieta cetogénica pode ser vista como uma boa alternativa para pessoas com pressa em perder peso ou nas quais o típico processo de reeducação alimentar dá demasiada liberdade e só conseguem perder peso com uma dieta mais restritiva ou com uma terapia mais de “choque”.
É importante perceber que uma alimentação saudável é um estilo de vida, mas o emagrecimento pode ser apenas uma fase transitória podendo ser saudável mesmo quando possui alguns alimentos processados.
Uma dieta cetogénica consegue aliar alimentos frescos (iogurtes hiperproteicos, frutos vermelhos, frutos gordos, ovos, saladas, sopas, tortilhas) a outras opções proteicas processadas, muito úteis e fáceis de transportar para refeições intermédias.
As explicações são do nutricionista Pedro Carvalho, criador da Dieta Cetogénica YES!diet.
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