Face à grande diversidade de chocolates atualmente disponíveis no mercado (preto, de leite, branco, com fruta, licor, caramelo, bolachas, frutos secos e/ou oleaginosos) o difícil será mesmo escolher. Será que do ponto de vista nutricional haverá algum que se destaque como o menos pecaminoso?
Em primeiro lugar importa perceber que o chocolate, independentemente do tipo, será sempre um alimento calórico decorrente da quantidade apreciável de açúcar e gordura (maioritariamente saturada) que habitualmente apresenta. A principal diferença entre os três principais tipos de chocolate (preto, branco e de leite) reside na concentração de cacau: enquanto que o chocolate de leite fica a perder comparativamente ao preto, o branco nem sequer entra na competição pelo facto de não conter cacau na sua constituição.
Apesar de não existir uma discrepância assinalável entre eles no que diz respeito ao valor energético (principalmente quando a comparação é feita por igual dose de consumo), o mesmo não se poderá dizer relativamente à lista de ingredientes e ao teor de macronutrientes que cada um apresenta.
A tabela abaixo apresenta os valores médios de gordura, açúcar e valor energético de diferentes marcas de chocolate preto, branco e de leite encontradas num hipermercado:
Com esta tabela pretende-se demonstrar que, apesar de os chocolates com maior percentagem de cacau apresentarem teores de açúcar menores comparativamente ao chocolate de leite e branco, não são necessariamente menos calóricos que estes.
Por que motivo é, afinal, o chocolate preto considerado o melhor para a saúde?
Os benefícios que frequentemente se atribuem ao consumo de chocolate devem-se à presença de diferentes compostos contidos no cacau, cuja concentração é maior no chocolate preto. Dentro deste conjunto de substâncias, destacam-se os polifenóis pela importante atividade antioxidante e de proteção celular que exercem, podendo desempenhar um papel relevante na diminuição de processos inflamatórios e do risco de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e cancerígenas.
Outros compostos como as metilxantinas, alguns peptídios e micronutrientes (como o magnésio e o cobre) também presentes no cacau parecem atuar de forma sinérgica sobre a inflamação e proteção celular. As metilxantinas (de que são exemplo a cafeína e a teobromina) exercem ainda um efeito estimulante no organismo, podendo contribuir para níveis de concentração superiores. O cacau é ainda fonte de triptofano, um aminoácido precursor de serotonina que, por sua vez, constitui um neurotransmissor importante na regulação do humor e bem-estar.
De realçar que a presença dos compostos anteriormente mencionados no chocolate irá depender de alguns fatores inerentes à sua produção, nomeadamente a percentagem de cacau nele presente, a sua origem, fermentação e o processo de fabrico.
Apesar do chocolate poder ser um alimento fornecedor de compostos protetores para a saúde, este não deverá ser um motivo para o seu consumo ser feito ad libitum, ou seja, sem conta peso e medida, já que fornece simultaneamente uma quantidade bastante razoável de açúcar, gordura e, consequentemente, de calorias. Se o objetivo é aumentar o consumo de antioxidantes, é possível fazê-lo através da ingestão de outros alimentos com teores de gordura e açúcar bem mais modestos, como é o caso da fruta, dos hortícolas e do chá (particularmente o chá verde).
E que tal fazer exercício?
Se procura no chocolate um aliado contra o mau-humor, saiba que alguns dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer habitualmente sentidos após o seu consumo são também libertados aquando da prática de exercício físico.
Com isto, não se pretende desencorajar o consumo de chocolate, mas sim apelar ao seu consumo consciente, até porque enquadrado num estilo de vida ativo e saudável e no âmbito de uma alimentação completa, variada e equilibrada nenhum alimento deve ser visto como proibido.
Numa perspetiva de controlo e perda de peso, a resposta à pergunta “que chocolate devo preferir?” pode não ser tão óbvia como às vezes se julga, já que optar por um chocolate com maior percentagem de cacau não garante indubitavelmente um menor consumo calórico face a um chocolate de leite ou branco. Assim, se gosta de chocolate, escolha o que lhe dá mais prazer comer e saboreie-o sem sentimento de culpa, sempre em quantidades moderadas.
As explicações são da nutricionista Sofia Oliveira Pinto, da Clínica de Estética e Medicina Integrativa da Liga em parceira com os ginásios Fitness Hut - Grupo Vivagym.
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