Estas são algumas das conclusões de um estudo sobre hábitos de atividade física e desportiva e hábitos de sono desenvolvido por um grupo de investigadores da Universidade de Évora (UÉ), de acordo com um comunicado da academia.

O trabalho, cujos resultados foram anunciados no Dia Mundial do Sono que hoje se assinala, teve como população-alvo todas as crianças que frequentam o 1.º ciclo nas escolas públicas e privadas do concelho de Évora.

“Este estudo mostrou que quase metade (44%) das crianças do 1.º ciclo no concelho de Évora apresenta sinais de perturbações do sono”, realça Paulo Infante, professor e investigador da academia, citado no comunicado da UÉ.

Segundo o responsável, o trabalho apurou que “apenas 10% dos pais” têm consciência de que os filhos sofrem de perturbações do sono e que “mais de um quarto das crianças (28%) dorme menos do que o tempo recomendado”, que são nove horas e meia por noite.

“O sono insuficiente foi associado a hábitos como o de ir dormir tarde, ter dificuldade em adormecer sozinho e ficar a ver televisão e outros ecrãs antes de dormir”, assinalou o professor e investigador da UÉ.

Por outro lado, destacou Paulo Infante, verificou-se que as crianças que praticavam atividade física durante pelo menos 60 minutos todos os dias têm melhor qualidade de sono.

“Os dados obtidos através deste estudo permitiram concluir que se trata de um problema de saúde pública, sendo imperativo atuar ao nível da prevenção e alertar encarregados de educação e professores para a importância desta temática”, acrescentou.

Este grupo de investigação foi liderado por investigadores do Departamento de Matemática e do Centro de Investigação em Matemática e Aplicações da UÉ e contou com a participação de uma pediatra especialista em sono.

Também esteve envolvida no trabalho uma equipa multidisciplinar composta por representantes da Câmara de Évora, Hospital do Espírito Santo de Évora, Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo e agrupamentos de escolas do concelho.

De acordo com a UÉ, este estudo, para o qual foram validados 2.447 questionários, com uma taxa de resposta de 67%, monitorizou a evolução dos hábitos de sono e de atividade física e desportiva de cada criança num período de quatro anos, de 2018 a 2022.

O trabalho, adiantou, surgiu do “crescente reconhecimento da importância dos hábitos e perturbações do sono nas crianças”, pois “têm um forte impacto” na sua capacidade de aprendizagem, comportamento, humor e qualidade de vida das famílias.