“Na altura telefonámos e na altura recusaram a assinatura”, afirmou, em conferência de imprensa, a coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, reforçando: “telefonámos e entregámos uma declaração para assinatura, mas eles recusaram”.

Os pais de seis menores portugueses disseram hoje à Lusa que as autoridades de Macau detiveram os filhos, residentes do território, e encaminharam-nos para uma quarentena obrigatória sem informar ou obter o consentimento dos progenitores.

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Os menores, entre os 13 e os 17 anos, estudam em Portugal e regressaram esta madrugada a Macau, ao anteciparem as férias da Páscoa, uma vez que estão sem aulas em território português, explicou um dos três pais que denunciaram o caso, Diogo Giraldes.

“Ao chegarem a Macau, foram detidos e estiveram três horas e tal detidos pelas autoridades e não foi prestada qualquer informação aos pais”, avançou à Lusa Bruno Simões, outro dos pais.

Três horas após serem retidos pelas autoridades, às 06:30 (22:30 em Lisboa), os menores saíram escoltados do Aeroporto Internacional de Macau pelas forças de segurança, adiantaram ambos os pais.

“Os pais sabiam bem que as medidas eram de observação médica” de 14 dias num hotel designado, frisou a coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Entretanto, reforçou, os pais de dois menores já assinaram a declaração, mas um continua a negar-se a assinar.

“Durante este processo [o pai] não disse nada, nem disse se queria acompanhar os filhos para o hotel”, denunciou a responsável.

As pessoas têm direito a interporem recursos, mas não devem recusar o isolamento para não prejudicarem o trabalho das autoridades, apelou o Governo de Macau.

“Vamos discutir com os agentes policiais por causa das pessoas que se recusam” a assinar a declaração de observação, reforçaram as autoridades de Macau, que anunciaram na mesma conferência que todas as pessoas provenientes da Europa terão de fazer quarentena obrigatória num hotel designado, uma decisão que surge após terem sido identificados dois casos importados de países europeus em 24 horas.

Hoje, o chefe do Governo de Macau anunciou que, a partir das 00:00 de quarta-feira (16:00 de terça-feira em Lisboa), só vai permitir a entrada na cidade aos residentes do território, da China continental, Hong Kong e Taiwan e aos trabalhadores não residentes de Macau.

Antes, na segunda-feira, as autoridades decidiram avançar para quarentena a quase todos aqueles que entrassem no território, de forma a conter casos importados, uma medida que entrara em vigor às 00:00 (16:00 de segunda-feira em Lisboa) e imposta a todos as pessoas que viajaram em países nos 14 dias anteriores à entrada no território, com exceção da China continental, Taiwan e Hong Kong.

Depois de 40 dias sem novos casos de Covid-19, Macau registou na segunda-feira e hoje dois novos casos importados, um de Portugal e outro de Espanha, respetivamente.

Antes destas duas confirmações, Macau registava dez casos de infeção com o vírus da Covid-19, tendo todos já recebido alta hospitalar. Agora, são 12 o número de pessoas em Macau infetadas desde que o surto começou.

Portugal registou ontem a primeira morte por COVID-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos.

Há pelo menos 331 pessoas infetadas em Portugal, segundo o boletim diário de ontem da Direção-Geral da Saúde (DGS). Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). O documento da DGS assinala 2.908 casos suspeitos, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial. Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

O Governo português declarou na sexta-feira o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira, impondo restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”. O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 7.000 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 175 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.

Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.

Cronologia: Os principais acontecimentos ligados à pandemia de COVID-19
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Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou na semana passada ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas. Também foi anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália. A Direção-Geral de Saúde também reforçou as recomendações à população.

Nos últimos dias,  Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu há uma semana alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.

Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.

Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora

Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.

Acompanhe aqui, ao minuto, todas as informações sobre o novo coronavírus em Portugal e no mundo.

Como se transmite um coronavírus?