O cérebro continua a revelar-se uma máquina cheia de mistérios. Cientistas dos Estados Unidos e da Dinamarca descobriram agora uma nova estrutura dentro do cérebro humana. Chamaram-na de SLYM, sigla em inglês para Subarachnoid Membrane Lymph Type (ou Membrana Subaracnoide do Tipo Linfático, em tradução livre para a língua portuguesa).
A descoberta, publicada na revista Science, foi feita por cientistas do Centro de Neuromedicina Translacional da Universidade de Rochester (EUA) e da Universidade de Copenhaga (Dinamarca).
Segundo a BBC, o grupo de especialistas descreve a estrutura como uma componente desconhecida da anatomia do cérebro que atua como "uma barreira protetora e uma plataforma para controlar infeções e inflamações".
O cérebro é coberto por três membranas, chamadas de meninges: a pia-máter, a aracnóide e dura-máter. Estes tecidos criam uma barreira entre o sistema nervoso central e o resto do corpo. Entre a pia-máter e a aracnoide, existe uma abertura conhecida como espaço subaracnoideo, que é preenchida com líquido cefalorraquidiano. Esse material flui dentro e ao redor do cérebro para ajudar a amortecê-lo e como uma fonte de nutrientes, descreve a BBC.
Qual a função?
A nova estrutura é uma quarta membrana localizada dentro do espaço subaracnoideo, acima da pia-máter, que é a membrana mais interna. Reveste o órgão e parece ajudar a controlar o fluxo de líquido cefalorraquidiano para dentro e fora do cérebro.
"A nossa hipótese é que a SLYM atue como uma barreira entre o líquido cefalorraquidiano 'limpo', que entra no cérebro, e o 'sujo', que sai do órgão, arrastando resíduos de proteínas com ele", explica a neurocientista Virginia Plá Requena, do Centro de Neuromedicina Translacional da Universidade de Copenhaga e uma das autoras do estudo.
"Consequentemente, a deterioração dessa membrana dificultaria a limpeza do cérebro o que, por sua vez, afetaria a função neuronal", acrescenta.
De acordo com o estudo, a "SLYM é imunofenotipicamente distinta das outras camadas meníngeas do cérebro de humano".
"A SLYM é o hospedeira de uma grande população de células mieloides, cujo número aumenta em resposta à inflamação e ao envelhecimento, de modo que essa camada representa um nicho imune inato idealmente posicionado para vigiar o líquido cefalorraquidiano", lê-se na publicação científica.
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