
As orientações das organizações médicas ao nível internacional apontam para uma idade mínima de 15 anos para uma rinoplastia com fins estéticos, tendo em conta, globalmente, a otimização dos cuidados aos pacientes e a evitação de traumas desnecessários.
Contudo, se se tratar da melhoria da qualidade de vida da criança ou do adolescente, isto é, se houver patologias associadas, como a dificuldade severa em respirar, deformidades causadas por traumas, ou a necessidade de reconstrução após remoção de lesões nasais, há que proceder a uma avaliação compreensiva da situação, incluir os pais e outros clínicos, se adequado, num processo de decisão colaborativo.
O nariz é uma estrutura complexa cujo desenvolvimento integral não se dá antes dos 15 anos de idade: as estruturas nasais não estabilizaram ainda, o crescimento facial não se completou e, assim, não são garantidos resultados duradouros do procedimento, sendo, muitas vezes, necessária posterior cirurgia de revisão. Do mesmo modo, o equilíbrio do terço médio do rosto poderá ficar comprometido. Por estas razões principais, o ideal é aguardar pela maturidade.
Importantes são ainda os fatores emocionais, que podem afetar o ambiente psicológico do adolescente. Uma dismorfia nasal pode constituir uma carga pesada, já que o acesso precoce a redes sociais e a suscetibilidade ao bullying físico ou ao cyberbullying é prejudicial a um saudável desenvolvimento e pode justificar uma intervenção mais precoce do que seria idealmente praticado e correntemente aceite.
Um artigo do médico Filipe Magalhães Ramos, otorrinolaringologista e diretor das clínicas de cirurgia plástica FMR.
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