Não se sabia até agora o mecanismo por detrás do facto de não podermos sentir cócegas quando somos nós a tentar fazê-las a nós próprios, mas investigadores da Universidade de Humboldt, em Berlim, Alemanha, desenvolveram uma teoria para explicar os motivos desse comportamento.

Já Aristóteles na Grécia antiga se questionava sobre as cócegas. "Também Sócrates, Galileu Galilei e Francis Bacon", diz Konstantina Kilteni, neurocientista cognitiva que estuda o toque e as cócegas no Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e que não está envolvida no trabalho de Michael Brecht da Universidade de Humboldt.

Este grupo de cientistas da universidade alemã reuniu 12 voluntários para observar a reação do corpo quando os mesmos recebem cócegas de terceiros. Cada voluntário ficou sentado numa cadeira com as axilas à mostra e os pés descalços.

Após a experiência observacional, os cientistas traçaram uma teoria que sustenta que as cócegas provocam o riso graças a um erro de previsão do cérebro. Um toque imprevisível confunde-o, levando-o a uma reação de 'mini frenesim'. O auto-toque é sempre previsível, por isso não gera essa reação.

Mas Michael Brecht sugere ainda que, quando uma pessoa se toca, o cérebro envia uma mensagem para todo o corpo que inibe a sensibilidade ao toque. "Achamos que o que está a acontecer é que o cérebro tem um truque para saber: assim que alguém se toca a si mesmo, não reaja", diz. Caso contrário, argumenta, todos estaríamos constantemente a fazer cócegas a nós mesmos cada vez que coçássemos uma axila ou os dedos dos pés.

Sophie Scott, neurocientista cognitiva da Universidade College de Londres, concorda, porque o cérebro humano aprende a diminuir as percepções sensoriais quando as suas ações contribuem para elas.

"Sentado, estou a gerar muitas sensações físicas no meu corpo apenas pelo meu movimento. E isso é muito menos importante para mim do que se outra pessoa entrar na sala e tocar-me", diz a cientista citada pela revista Wired.

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