O ritmo de vida agitado, a falta de tempo para nós próprios, para as nossas relações e para tudo aquilo que nos faz sintonizar com o nosso interior, faz com que a ansiedade se tenha tornado um dos sintomas psicológicos mais comuns da atualidade.

Quando pensamos em ansiedade rapidamente surge a ideia de todos os sinais físicos associados à ansiedade, sudação das mãos, coração acelerado, dificuldades em respirar, entre muitos outros sinais. Paralelamente, há por norma, um pensamento que parece não sossegar, que se enreda em dúvidas, questões infinitas e medos.

Muitas vezes, olhamos para tudo isto, tomamos consciência que é ansiedade e rapidamente atiramos esta dificuldade para segundo plano, como se fosse ‘apenas ansiedade’ e, por isso, fosse menos importante, menos perigoso e condicionasse menos o nosso bem-estar.

A verdade é que o fazemos para nos proteger, fazemos muitas vezes porque sentimos que façamos o que fizermos não temos um controlo sobre a ansiedade e a real capacidade de a tranquilizar. Numa fase inicial, ignorar a ansiedade e colocá-la em segundo plano é eficiente, permite-nos seguir o nosso dia a dia e voltar a restabelecer o nosso equilíbrio. Mas, a longo prazo é inequívoco que este mecanismo se esgota e, quanto mais ignoramos a ansiedade, mais ela nos persegue, mais se exponencia e mais nos condiciona a todos os níveis, pessoal, profissional e social.

Aquilo que nos devemos lembrar é que a ansiedade nunca deve ser vista como ‘só ansiedade’, deve ser sempre tida em consideração como ‘é muito mais do que apenas ansiedade’.

A verdade é que a ansiedade quando surge esconde muitas das nossas fragilidades emocionais, muitos dos nossos padrões de vida e de relação disfuncionais e muitas das nossas dores. Por isso, para enfrentarmos a ansiedade precisamos de analisar e intervir em diversas áreas da nossa vida, precisamos de olhar a ansiedade de forma macroscópica e de ler nas entrelinhas tudo aquilo que subliminarmente ela esconde. Só à medida que, aos poucos, desvendamos tudo aquilo que a ansiedade esconde, podemos efetivamente integrar e resolver a ansiedade.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.