Muitas vezes, optamos por desvalorizar a nossa saúde mental e por fazer todos os possíveis para não ouvirmos as nossas emoções. A verdade é que é fácil acreditar que se podem ignorar as experiências emocionais. Apesar disso, ignorar as nossas emoções é apenas uma solução paliativa e — quer se queira, quer não se queira — as emoções terão sempre de se expressar e, de alguma forma, sair de dentro de quem as vive.
Há várias formas de se permitir que as emoções se expressem. Podem expressar-se pela palavra, pelas ações, pela escrita, pelo exercício físico, pela arte, entre outras opções. A única opção que não é válida é a contenção emocional e, sempre que ela existe, naturalmente, as emoções vão ter que encontrar uma forma menos adaptativa para se expressar, mas vão expressar-se. Uma dessas formas menos equilibradas é o adoecer físico.
Isto é, a ausência de expressão emocional, em situação limite, leva à necessidade do corpo pedir ajuda e — muitas vezes — o corpo pede ajuda através de sintomas físicos. Sintomas esses que podem começar de uma forma isolada, mas que, se também eles forem ignorados, pode levar a quadros de doença efetiva.
As questões físicas que de forma mais comuns estão associadas a fragilidades do foro emocional prendem-se, entre outras, com fragilidades ao nível do sistema digestivo, fragilidades dermatológicas, dores de cabeça persistentes e doenças auto-imunes.
Nestas circunstâncias, os sintomas que surgem são alvo de tratamento médico, mas a inversão do quadro de doença ou a sua remissão passa pela intervenção psicológica estruturada. Assim, para que exista um equilíbrio do corpo físico, é essencial aceitar que os sintomas têm origem emocional e para os fazer entrar em remissão é essencial alterar o quadro mental, a forma como se lida com as emoções, nomeadamente a forma, como cada um está disponível para ouvir os sinais que as suas emoções enviam, está disponível para as expressar e as deixar sair de dentro de si e, só depois, se permite a geri-las, isto é, a enquadrar cada emoção na sua história de vida, a atribuir-lhe um significado na sua história e ganhar clareza e saúde a partir dessas emoções.
Em linha de síntese, nunca nos esqueçamos que a saúde física e a saúde mental são absolutamente indissociáveis e que uma exponencia a outra, só com equilíbrio da componente física e mental pode, de facto, existir saúde.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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