A maioria das pessoas que tem varizes sabe o que são. Ainda assim, adiar o tratamento é uma opção comum. Quais as razões para estes doentes não quererem o seu problema resolvido?

Há várias explicações, assentes especialmente em mitos que é importante esclarecer:

1. "As varizes não são um problema de saúde, são só inestéticas"

Não é verdade! O problema de ter veias dilatadas é poderem surgir aí trombos que entopem a circulação das pernas. Em casos mais graves, um desses trombos migra para o pulmão, provocando uma embolia pulmonar. Por isso, ao tratarmos as varizes estamos a eliminar uma causa de tromboembolismo pulmonar, reduzindo assim a mortalidade cardiovascular. Além disso, as varizes são potenciais causadores de dano na pele com úlceras, hemorragia aguda abundante ou mesmo eczema grave.

2. "O tratamento das varizes não resulta! Depois da operação volta tudo de novo"

Existem técnicas inovadoras, pouco invasivas, seguras e muito eficazes, que permitem resolver de forma célere e duradoura esta patologia. Em determinados hospitais, adequamos a técnica cirúrgica à veia doente de modo a obter os melhores resultados estéticos e funcionais.

3. "Quero ser operado/a, mas neste momento não posso ficar de baixa um mês a recuperar da cirurgia"

As novas técnicas de tratamento permitem, na maioria dos casos, que a cirurgia seja realizada em regime de ambulatório e os doentes iniciem marcha precoce. Isto significa um período de recuperação muito mais breve.

4. "Já estou muito velho/a para ser operado/a"

A idade e a existência de outras patologias raramente são contraindicações para receber tratamento. Como a técnica cirúrgica é habitualmente realizada com anestesia local e incisões mínimas, pode ser usada em doentes com idade avançada.

5. "Gostava de ser operado/a, mas estou em lista de espera no hospital público e ainda não me chamaram"

Vários hospitais privados têm acordos com o Estado que permitem aos doentes ser operados utilizando o vale cirúrgico atribuído pelos hospitais públicos, permitindo reduzir o tempo de espera de cirurgia sem qualquer custo adicional.

Devido ao sedentarismo agudizado pelos confinamentos sucessivos, estamos a lidar com um aumento de doentes com varizes e tromboses venosas. Um contexto que exige ainda maior atenção aos sinais de doença venosa, com um alerta recorrente, mas sempre eficaz: em caso de dúvidas, recorra ao médico especialista.

Um artigo da médica Orlanda Castelbranco, especialista em Cirurgia Vascular no Hospital CUF Sintra e na Clínica CUF Belém.