Uma saúde mental frágil tem implicações no dia a dia e condiciona as relações mais próximas. Sempre que numa família existe alguém com fragilidades significativas ao nível da saúde mental que compreendam, por exemplo, oscilações de humor, crises de impulsividade, isolamento, entre outros sintomas, torna-se muitas vezes difícil a gestão da vida familiar e a manutenção de relações saudáveis, positivas e duradouras.
Assim, quando numa família existe uma problemática de saúde mental, é muito importante que toda a família se reorganize e se alinhe de forma a manter o equilíbrio de todos os seus elementos.
Por isso, sempre que se convive com alguém com fragilidades significativas ao nível da saúde mental, devemos lembrar-nos de:
1. Procurar compreender emocionalmente a pessoa - nem sempre os problemas de saúde mental são compreendidos por quem está em redor da pessoa que está em sofrimento. Neste sentido é muito importante procurar compreender aquilo que a pessoa está a sentir, valorizar e validar emocionalmente aquilo que a pessoa vivencia. Quando a pessoa que está em sofrimento percebe que há à sua volta alguém capaz de a compreender, mais facilmente o sofrimento perde expressividade e impacto.
2. Impor limites e respeitar limites - é essencial que os limites de quem está em sofrimento sejam claros, mas também que os limites de quem está à sua volta sejam definidos de forma muito clara e palpável. Ao existir um conhecimento concreto daquilo que pode, ou não ser feito, daquilo que pode, ou não, magoar os outros, é mais fácil existir uma gestão dos impulsos e das ações.
3. Cuidar de si próprio - é comum que quando um elemento da família está frágil, os restantes se alinhem para alavancar o seu bem-estar. O problema apenas existe quando, à custa de promover o bem-estar da pessoa que está frágil, se deixa de cuidar de quem está bem e se deixa de dar importância ao bem-estar emocional de quem cuida. Desta forma, para que a família se mantenha alinhada, também os elementos que estão em equilíbrio precisam de forma constante de cuidar de si, de expressar o que sentem com a situação e de encontrar espaço para lidar com as suas próprias emoções.
Conviver com dificuldades ao nível de saúde mental de pessoas importantes para cada um de nós é um desafio muito difícil e desgastante, que exige reconexão da família, definição de limites, valorização emocional e, se necessário pedir ajuda, para que, ao mesmo tempo que se é alavanca para quem está frágil, não se perca a saúde de quem tem a função de suporte.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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