À meia-noite, quando soam as 12 badaladas, é tradição comerem-se 12 passas, uma por cada mês. A cada passa atribuímos um desejo, um objetivo ou uma meta que queremos cumprir e alcançar no novo ano. Janeiro é, frequentemente, o mês de reflexões e decisões, em que pretendemos pôr em prática o que desejamos. Um mês de mudanças positivas! Após os excessos das festas e, especialmente, tendo em conta os dois últimos anos – confinamentos, teletrabalho, distanciamento familiar – janeiro de 2022 é um mês para pensar num futuro melhor.
A cada início de ano, sentimo-nos motivados e somos “bombardeados” com informação sobre alimentação e estilos de vida saudáveis, o que nos faz acreditar que “ainda é possível!”. Por isso, tantas pessoas trincam uma das passas com o desejo de mudar a alimentação e tantas, em particular, com o objetivo de perder peso.
Sabemos que, de acordo com o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF, 2017), a prevalência de excesso de peso e de obesidade em Portugal é de 34,8% e de 22,3%, respetivamente. De acordo com o estudo Global Burden of Disease (GBD, 2018), os hábitos alimentares inadequados dos portugueses foram o segundo fator de risco que mais contribuiu para a mortalidade precoce, sendo que, mais de 237.000 anos de vida perdidos poderiam ter sido evitados se os portugueses melhorassem os seus hábitos alimentares.
A abordagem à perda de peso requer uma intervenção que inclua o seu tratamento e, principalmente, a sua prevenção, através da promoção de estilos de vida saudáveis, melhoria dos hábitos alimentares, redução do sedentarismo e aumento da prática de atividade física. Tudo isto, baseado num conceito de nutrição personalizada e individualizada, num percurso que nem sempre será linear, mas que o fará alcançar uma melhor saúde.
A perda de peso faz-se acompanhar da melhoria da saúde mental e física, diminuindo significativamente a probabilidade de surgirem doenças associadas, como a diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro, entre outras. Nunca nos esqueçamos que a obesidade é uma doença crónica e, portanto, a sua diminuição, com a consequente melhoria dos parâmetros antropométricos - como por exemplo, o perímetro abdominal, o peso e o Índice de Massa Corporal -, aumenta a qualidade de vida. Além disso, contribui para a melhoria de alterações funcionais como a ansiedade, a depressão e para o aumento da performance física.
Dúvidas, ideias confusas ou preconcebidas devem ser discutidas com um nutricionista. Se uma das doze passas que comer tiver como desejo a conquista de uma alimentação saudável ou a perda de peso, não hesite em procurar a nossa ajuda. Faça de 2022 o ano em que alcança as suas metas, até mesmo as mais ambiciosas. Mas não deve assumir a meta de perda de peso como algo a alcançar apenas com a viragem do ano, mas sim como uma meta de alimentação e estilo de vida saudáveis a manter durante toda a vida.
A infância e a adolescência representam, um dos períodos críticos do ciclo de vida, onde os hábitos e comportamentos são estabelecidos e interiorizados, comprometendo inequivocamente a qualidade de vida e o desempenho escolar, moldando a vida enquanto adulto. Sabemos que existe uma maior probabilidade de crianças e jovens com peso a mais serem adultos obesos. Assim, é fácil compreendemos, que a intervenção nutricional deve começar desde cedo, nas idades mais jovens, uma vez que é nestas faixas etárias que se inicia a construção dos hábitos e preferências alimentares, fundamentais para a saúde na vida adulta.
Uma alimentação e um estilo de vida equilibrados e consistentes, ao longo do ciclo de vida, contribui para uma boa saúde e longevidade.
Conte com os profissionais de nutrição, para fazermos deste janeiro, o verdadeiro mês de início de mudanças na sua vida. Juntos, é muito mais fácil e seguro.
Um artigo da nutricionista Mariana Portela de Medeiros, do Hospital CUF Tejo.
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