Sentirmo-nos gratos pelas coisas boas do nosso dia a dia e pelas nossas conquistas permite-nos alcançar níveis mais elevados de tranquilidade e de felicidade. No entanto, regra geral, optamos por focar-nos no negativo e em tudo aquilo que parecemos não ter, ou não conseguir fazer. E com as crianças acontece o mesmo, muitas vezes, parecem ser incapazes de se sentir gratas por tudo aquilo que têm e parecem estar permanentemente insatisfeitas.
Sempre que isto acontece, temos crianças mais agitadas, com níveis mais elevados de frustração e, por consequência, menos felizes. É, por isso, imprescindível, ensinarmos as crianças a praticar a gratidão, para que - gradualmente - se tornem capazes de apreciar tudo aquilo que têm de bom em seu redor e que se tornem capazes de aumentar os seus níveis de bem-estar interior.
Desta forma, para ensinar as crianças sentirem-se gratas, devemos começar por:
- Ser um modelo para a criança - se formos capazes de ser gratos no nosso dia a dia, naturalmente, as crianças vão observar esse comportamento e tentar reproduzi-lo. Se os adultos de referência da criança se tornarem gratos, mais facilmente teremos crianças capazes de praticar a gratidão.
- Ser grato na relação com a criança - sempre que a criança se torna capaz de realizar uma tarefa, ou que tem uma atitude que nos deixa felizes. Esse sentimento deve ser colocado por palavras, por exemplo: “estou mesmo feliz de me teres ajudado, obrigada!”, ou, “estou tão contente com as tuas boas notas, obrigada pelo teu esforço”. Ao fazê-lo, promovemos a capacidade da criança de perceber que pode gerar gratidão nos outros e de ela própria se sentir grata.
- Construa o pote da gratidão - construa com a criança o pote da gratidão e crie o hábito de diariamente escreverem uma coisa pela qual estejam gratos. Enquanto escrevem e guardam as gratidões no pote, permitem-se a refletir sobre elas e a deixar que elas ganhem espaço no dia a dia da criança.
- Promova momentos de interação em que a criança possa ser útil para os outros - por exemplo, oferecendo a outras crianças coisas que já não utiliza, participar em ações de voluntariado, ou simplesmente preparar uma refeição especial para alguém importante. Assim, quando a criança se sente útil para os outros, recebe a gratidão como resposta e, naturalmente, deixa-se envolver por ela.
Desta forma, enquanto a criança cresce, permitimos-lhe a apreciar aquilo que de bom tem no seu dia a dia e, de forma prática, a sentir-se grata e feliz por todas as suas conquistas e por tudo aquilo que a rodeia. Com a certeza de que uma criança grata, será sempre uma criança mais tranquila, com mais bem-estar e mais feliz.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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