As investigações acerca do burnout parental não têm vindo somente a identificar fatores de risco, mas também fatores de proteção que tendem a atenuar o stress associado à parentalidade.
Tomem-se como exemplos a satisfação conjugal, a estabilidade financeira, a existência de práticas educativas positivas, a partilha das responsabilidades e tarefas de cuidado entre os membros do seio familiar, o preservar de uma rotina de auto-cuidado, entre outros.
Neste sentido, destacamos cinco estratégias para colocar em prática com o intuito de reduzir o cansaço provocado pela parentalidade e alcançar uma maior disponibilidade para cuidar dos mais novos.
1. Ser mais tolerante consigo mesmo
O primeiro passo é aceitar que não existe uma parentalidade perfeita, sem erros e que, enquanto ser humano, vai falhar. O segundo passo é aproveitar os erros como momentos de aprendizagem, as quais podem ser partilhadas com os seus filhos (por exemplo, transmitir que é importante desempenhar as tarefas com calma e concentração, pois a pressa aumenta apenas o risco de cometer erros). O terceiro passo é não dizer frases a si próprio que jamais diria a um amigo (por exemplo, “és um burro”, “não serves para ser mãe”, “os meus filhos merecem um pai melhor”) e recordar a si mesmo que a parentalidade não é uma competição (comparar-se com os seus amigos, vizinhos ou pais dos colegas dos seus filhos só vai prejudicar o seu bem-estar).
2. Estabelecer uma rotina diária
É importante haver uma rotina para, por exemplo, hora do banho e hora de jantar, na qual são delegadas tarefas aos diferentes membros da família. Esta é uma estratégia que evita que um dos cuidadores fique sobrecarregado com tarefas e que, simultaneamente, proporciona estabilidade às crianças. É fundamental que esta rotina seja realista, caso contrário será difícil cumprir com as tarefas estabelecidas e será invadido por sentimentos de culpa e falha.
3. Definir prioridades para o seu dia-a-dia
Brincar com o meu filho ou deixar a casa a brilhar? Contudo, ao organizar o seu dia, é importante desfrutar de “tempo de qualidade” com os seus filhos e não do “máximo de tempo” com os mesmos. As crianças necessitam do seu espaço individual para as suas próprias rotinas, de forma a ganharem autonomia na resolução de problemas e regulação das emoções. Em paralelo, os pais necessitam também de tempo e espaço para as suas próprias rotinas.
4. Manter uma rotina de auto-cuidado
É essencial manter uma rotina de auto-cuidado como por exemplo praticar exercício físico, meditar, cozinhar, ouvir música, ir ao cinema, ler um livro, jantar com amigos – todo o tipo de atividades prazerosas que aumentam o seu bem-estar e paz interior.
5. Preservar os momentos de casal
Os estudos apontam que a satisfação conjugal se encontra associada a maiores níveis de felicidade e a uma maior disponibilidade para uma parentalidade positiva. Por isso, pode ser importante recorrer a serviços de babysitting ou a familiares de confiança para cuidarem pontualmente dos seus filhos e dedicar tempo à sua cara-metade.
Caso sinta que as estratégias anteriores não são suficientes e que o cansaço ultrapassa e limita todas as suas tentativas de mudar as rotinas familiares e associadas à parentalidade, não adie a procura de ajuda psicológica especializada. Este é um ato de coragem e não, de todo, de fraqueza ou cobardia. Durante as sessões irá beneficiar de estratégias e ferramentas adaptadas às suas necessidades emocionais, recuperando o seu bem-estar individual, conjugal e familiar.
As explicações são de Sofia Gabriel e de Mauro Paulino, da MIND | Instituto de Psicologia Cínica e Forense.
Comentários