Um doente no Estado de Washington foi diagnosticado com o novo vírus detetado na China e que causa pneumonias virais, no primeiro caso confirmado nos Estados Unidos desta doença que já provocou seis mortos na China e graves pneumonias.
A pessoa afetada foi hospitalizada na semana passada e permanece “muito doente” numa unidade de Seattle, a capital deste Estado do nordeste dos Estados Unidos, após ter viajado recentemente à cidade chinesa de Wuhan onde teve origem o surto epidémico, referiram os média locais.
O homem adianta que não esteve nos mercados de animais relacionados com a maioria dos pacientes infetados.
As autoridades americanas estão a compilar uma lista de pessoas com as quais o doente - não identificado - esteve em contacto desde o seu regresso aos Estados Unidos.
Portugal preparado
A ministra da Saúde, Marta Temido, afirma que já estão a ser tomadas em Portugal medidas de resposta à nova pneumonia viral detetada na China.
Em declarações aos jornalistas, Marta Temido garantiu, esta terça-feira, que a Direção-Geral de Saúde (DGS) prestará mais esclarecimentos sobre o assunto se assim se justificar. "Estamos a acompanhar a situação com grande atenção", declarou a ministra citada pela TSF.
"Hoje há uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) que terminará com mais informação. Nós próprios estamos a instalar algumas respostas específicas, mas a Direção-Geral de Saúde irá dando mais pormenores", adiantou Marta Temido.
Para Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, existe a possibilidade do vírus chegar a Portugal "porque vivemos num mundo global, onde se viaja com facilidade, o que propicia que os casos de infeção possam disseminar-se". Em declarações à Rádio Renascença, o médico informou ainda que "localmente já existe um sistema montado para identificar os casos de uma forma mais ágil".
O número de vítimas mortais com o novo tipo de pneumonia subiu esta terça-feira para seis. Há já cerca de 300 casos confirmados da doença na China.
Centenas de casos suspeitos em análise
Vários países da Ásia começaram a verificar a temperatura corporal nos aeroportos, estações de comboios e áreas de serviço para tentar controlar o contágio do novo vírus que causa pneumonias graves.
Pelo menos 922 pessoas estão em observação por poderem estar infetadas por este vírus, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa em comunicado.
Aquela comissão confirmou na segunda-feira (20/01) que o novo coronavírus que surgiu recentemente em Wuhan é transmissível entre humanos. O Centro Europeu de Controlo de Doenças também afirmou hoje que está confirmada a transmissão pessoa a pessoa do novo vírus que causa pneumonias virais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para quarta-feira uma reunião de peritos para avaliar se o surto de coronavírus na China constitui uma emergência de saúde pública internacional, anunciou a instituição em comunicado.
Taiwan confirmou hoje o seu primeiro doente com uma nova pneumonia com origem no centro da China. O vírus já foi detetado em Pequim e Xangai e também nas províncias de Guangdong, Sichuan e Yunnan. Há casos relatados da mesma infeção viral no Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Taiwan e agora nos Estados Unidos.
Vírus continuará a alastrar
Segundo o ministério chinês dos Transportes, a China deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias. O surto colocou também outros países em alerta, já que milhões de chineses viajam também além-fronteiras durante este período. Pelo menos meia dúzia de países na Ásia e três aeroportos nos Estados Unidos começaram a rastrear passageiros oriundos de voos do centro da China.
Esta terça, a televisão australiana ABC informou que um homem que viajou recentemente para a China estava isolado na sua residência na cidade de Brisbane com sintomas da doença, enquanto os resultados dos testes são aguardados.
As autoridades de Saúde das Filipinas também anunciaram que aguardam os resultados da análise de amostras enviadas para um laboratório na Austrália. Espera-se a confirmação do caso de um menino de 5 anos de idade que chegou ao país procedente de Wuhan, epicentro do novo coronavírus. Ele apresenta sintomas da doença.
Um artigo publicado na sexta-feira por cientistas de um centro de investigação do Colégio Imperial de Ciência, Tecnologia e Medicina de Londres apontou que o número de pessoas infetadas na cidade chinesa provavelmente ultrapassou o milhar de casos e é muito superior àquele avançado pelas autoridades locais.
Investigadores do Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas, que aconselha instituições como a OMS, estimam que "um total de 1.723 casos" em Wuhan apresentavam sintomas da doença desde 12 de janeiro.
As autoridades chinesas determinaram que vários pacientes são vendedores num mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, e, entretanto, encerrado. No entanto, autoridades de saúde relataram que também identificaram pacientes sem histórico de contacto com esse espaço comercial.
Os casos de pneumonia viral alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais e é transmitida através da tosse, espirros ou contacto físico.
Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
Na altura, o Governo chinês inicialmente tentou ocultar a gravidade da epidemia do SARS, mas o encobrimento foi exposto por um médico de alto escalão.
Dada a gravidade da situação, a OMS convocou o comité de emergência para discutir a propagação do vírus. O grupo da OMS reúne-se em Genebra na quarta-feira (22) para decidir se classifica o surto como "uma emergência de saúde pública de alcance internacional". O alerta é, em geral, declarado em caso de epidemias muito graves.
A rápida disseminação do vírus preocupa as autoridades chinesas, pois coincide com o Ano Novo Lunar. Nesta época, centenas de milhões de pessoas viajam para passar o feriado em família.
O presidente chinês, Xi Jinping, disse que o novo vírus deve ser "absolutamente detido". "A segurança da vida das pessoas e a sua saúde física devem ser prioridades", declarou à CCTV. Segundo a CCTV, cerca de 300.000 testes de temperatura corporal já foram realizados.
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