De acordo com um estudo publicado no European Urology, a Terapia Focal para Cancro da Próstata localizado é bem aceite pelos pacientes, com um baixo índice de arrependimento. Mais de 80% dos pacientes relataram que a Terapia Focal foi a decisão certa e que, em retrospectiva, optariam novamente pela mesma modalidade.

“Enquanto as terapias radicais têm efeitos secundários muitas vezes irreversíveis, a Terapia Focal tem a vantagem de preservar as funções urinária e sexual, para além de ser uma técnica minimamente invasiva e com uma recuperação muito rápida”, explica Sanches Magalhães, médico urologista com mais de vinte anos de experiência no Instituto Português Oncologia do Porto e fundador do Instituto de Terapia Focal da Próstata.

Há atualmente várias opções de tratamento, disponíveis para pacientes com Cancro da Próstata localizado, proporcionando resultados oncológicos aceitáveis, mas com efeitos colaterais significativos derivados do tratamento. Neste cenário, a Terapia Focal surgiu como uma opção com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, sem comprometer o controlo da doença.

Neste campo, Sanches Magalhães destaca a “eletroporação irreversível – também conhecida por Nanoknife – posta em prática com base na fusão das imagens de ressonância magnética e ecografia e que preserva as funções urinária e sexual. É uma técnica que permite tratar o cancro na próstata em cerca de 30 a 90 minutos, através de uma intervenção minimamente invasiva, sendo possível ter alta logo no mesmo dia”, afirma o médico.

“São introduzidas agulhas (elétrodos) através do períneo, entre o ânus e os testículos, e entre cada par de agulhas é gerado um campo elétrico de alta intensidade e curtíssima duração, que destrói apenas a membrana celular”, explica Sanches Magalhães. “Como não inclui incisões, o tempo de recuperação é bastante reduzido, com menos dor no pós-operatório”, acrescenta.

O aconselhamento aos pacientes, na altura de escolherem uma estratégia de tratamento para Cancro da Próstata localizado, deve incorporar a tomada de decisão conjunta. Várias variáveis ​​devem ser consideradas durante este processo, incluindo a gravidade do cancro, a preferência do paciente e a esperança de vida, bem como o desempenho pré-tratamento e os sintomas geniturinários. O estado funcional esperado após o tratamento e os resultados relatados pelo paciente após cada modalidade de tratamento também podem ser úteis na seleção da estratégia de tratamento mais apropriada.

Existem vários relatos disponíveis sobre o arrependimento da decisão de tratamento de pacientes que receberam tratamentos convencionais (tratamentos radicais e vigilância ativa para Cancro da Próstata localizado), sendo que até 25% dos pacientes podem arrepender-se após o tratamento. Os fatores mais comuns associados ao arrependimento foram a toxicidade do tratamento e, particularmente, a disfunção sexual e urinária.

Neste estudo, 88% dos pacientes afirmaram que a Terapia Focal foi a decisão acertada para o tratamento do Cancro da Próstata localizado, com 85% a reforçar que repetiriam a escolha. Mais ainda, 83% relataram que a Terapia Focal foi a escolha certa.