20 de junho de 2013 - 14h58 
As mulheres que sofrem violência física e/ou sexual, cometida por parceiros ou terceiros, têm “significativamente” mais probabilidades de desenvolverem “problemas de saúde graves”, refere a Organização Mundial de Saúde (OMS), defendendo uma “ação urgente”.
O relatório “Estimativas mundiais e regionais da violência contra mulheres: prevalência e efeitos na saúde da violência doméstica e sexual” – realizado pela OMS, em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine e o South African Medical Research Council – analisou a prevalência de violência física e sexual cometida por parceiros íntimos e parceiros não íntimos (familiares, amigos, conhecidos e estranhos), num grupo selecionado de países das várias regiões geográficas do mundo.
Este “primeiro estudo sistemático de dados a nível mundial sobre a prevalência da violência contra mulheres cometida por parceiros e não parceiros”, que hoje será apresentado em Genebra, conclui que a violência física ou psicológica afeta “mais de um terço” das mulheres do mundo, nalgum momento da sua vida.
Representa, por isso, “um problema de saúde global de proporções epidémicas”, assume Margaret Chan, diretora geral da OMS, defendendo que os sistemas de saúde mundiais “podem e devem fazer mais pelas mulheres que sofreram violência”, já que existem “provas claras” de que a exposição à violência é um fator “importante” na debilitação da saúde feminina.
“A violência aumenta imenso a vulnerabilidade das mulheres a uma série de problemas de saúde, a curto e longo prazos, o que realça a necessidade de levar a violência contra as mulheres mais a sério”, assinala Claudia Garcia-Moreno, da OMS, reconhecendo que, “em muitos casos, os profissionais de saúde simplesmente não sabem como responder” e que o sector "tem sido lento a empenhar-se” em combater o problema.
O relatório destaca “a necessidade urgente de melhorar a assistência” às vítimas de violência, já que, muitas vezes, elas recorrem aos serviços de saúde sem divulgarem a causa concreta das suas debilidades.
Para responder a este cenário, e transformá-lo, a OMS adotou novas linhas de orientação, que sublinham a importância de formar os profissionais de saúde, em todos os níveis, sobre a abordagem à violência, o reconhecimento dos riscos e o conhecimento das respostas adequadas, com garantias de confidencialidade.
Divulgadas hoje, a par com o relatório, as linhas de orientação pretendem “melhorar a capacidade do setor da saúde para responder à violência contra as mulheres” e apoiar as mulheres afetadas.
A OMS – que vai começar a executar as linhas de orientação no Sudeste Asiático, no final deste mês – defende também a incorporação do problema da violência nos currículos, estágios e internatos dos profissionais de saúde.
Isto porque, apesar das evidências, “muitos continuam a optar por ver as experiências de violência por parte das mulheres como acontecimentos isolados, registados na esfera privada de uma relação conflituosa, fora do alcance de decisores políticos e profissionais de saúde”.
Ou então "culpam as próprias mulheres por terem sido alvo de violência, em vez dos agressores”, seja porque estavam "no sítio errado", porque usavam roupas "inapropriadas", porque falaram "com outro homem", porque se recusarem a ter relações sexuais, ou porque se esqueceram de "pedir autorização para sair".
Lusa