Qual o ponto de partida para a realização deste estudo?

Esta é a segunda edição do nosso estudo The Green Revolution, sendo que a primeira foi realizada em 2019. Como ponto de partida, tinha como objetivo conhecer de forma mais concreta quantos veggies existiam em Portugal e quais eram as suas principais motivações, além de saber como são e como consomem. Queríamos iluminar um pouco mais esta tendência que toda gente fala, dando a conhecer mais sobre a mesma, uma vez que até então não tínhamos medido a sua verdadeira importância e dimensão.

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Afirmam que 56% dos consumidores em Portugal se revela predisposto a comprar carne cultivada em laboratório. Quais as motivações de quem opta por este tipo de produto?

As principais motivações de quem apresenta interesse em consumir este tipo de produto são o bem-estar animal e a sustentabilidade. Esta alternativa (carne produzida em laboratório) promete ter um impacto muito menor no planeta do que a carne animal, que é consumida atualmente. Ao retirarmos aos animais da equação, verificamos também que a pegada de carbono deste tipo de produto é mais menor quando comparada à carne tradicional, sendo, também por isso, melhor para o planeta.

Ao nível da sustentabilidade, quais as conclusões que retiram do vosso estudo? Os consumidores mudam de dieta tendo em consideração esta temática?

Ao analisar a comunidade veggie, percebemos que existem grandes diferenças entre os flexitarianos (isto é, quem consume carne ou peixe de forma ocasional) e os vegans e vegetarianos. Os flexis, que são o maior grupo desta comunidade, mudaram de dieta essencialmente por temas relacionados com a saúde, e de seguida, por razões de sustentabilidade e cuidado dos animais. No caso de vegans e vegetarianos, o bem-estar animal e a sustentabilidade acabam por ser o principal motivo para esta mudança de estilo de vida.

Considera que a longo prazo serão cada vez mais os consumidores a optar por proteínas alternativas?

Sim. Também as políticas da União Europeia estão a encaminhar para um consumo mais responsável e com menos impacto no meio ambiente. Sendo que isto passa, efetivamente, pelo consumo de menor quantidade de proteína animal.

David Lacasa, responsável da Lantern
David Lacasa, responsável da Lantern créditos: DR

Este tipo de carnes alternativas (produzidas em laboratório) apresentam risco para a saúde dos consumidores?

A produção deste tipo de carne está sujeita a vários controlos de qualidade e de saúde muito exigentes, pelo que não podem ser comercializados caso apresentem contraindicações para o consumo. Com isto, as ingestões de carnes alternativas não apresentarão risco para a saúde dos consumidores. Todos os produtos que chegam as prateleiras do supermercado são seguros já que tem que passar pelo controlo das autoridades sanitárias.

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O tipo de tecnologia necessária para a produção da carne de laboratório é muito especifica? Já existem insígnias em Portugal a trabalhar neste âmbito?

A produção de carne é laboratório é realizada através de um reator a partir de células-mãe. À semelhança do modo como são construídos tecidos para uso em humanos quando necessário, já existem empresas a desenvolver, com esta tecnologia, um conjunto de opções de proteína animal, com as mesmas características, mas sem a participação de nenhum animal (como vaca, porco, frango ou peixe). Neste momento existem mais 70 empresas no mundo a criar este tipo de artigos, algumas delas na Europa. No entanto, Portugal ainda não, são tecnologias caras e que precisam de um alto investimento, além de conhecimentos muito precisos.

Quando estará disponível para compra em Portugal? Já é possível comprar em supermercados?

Atualmente, apenas Singapura tem aprovação legal para a comercialização da carne cultivada em laboratório, sendo possível comprar nuggets de frango cultivado da companhia Eat Just. No entanto, em Portugal e no resto do mundo ainda não é possível encontrar estes produtos nas prateleiras de supermercado. Os experts nesta indústria e com os quais mantemos contacto apresentam um consenso na medida em que afirmam que antes de 2030 já começaremos a ver este tipo de opções alternativas à carne tradicional nos supermercados.

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