As férias têm diferentes significados para cada um de nós e tendem a sofrer grandes alterações ao longo dos anos. Quando somos crianças, regra geral, as férias significam família, na adolescência as férias começam a ser cada vez mais experiências com amigos, amores de verão e liberdade, à medida que se transita para a idade adulta, as férias vão ganhando significados cada vez mais diferentes para cada um de nós.

Independentemente dos diversos significados das férias, é absolutamente essencial sermos capazes de respeitar aquilo que em cada fase da nossa vida as férias implicam, ou seja, sermos capazes de respeitar a nossa individualidade e as nossas necessidades e fazermos das férias um momento nosso e não um momento de tudo aquilo que os outros podem querer para nós.

Apesar de isto parecer tarefa fácil, a verdade é que muitas pessoas acabam por ceder à pressão social e sentir que, por exemplo, as férias têm de ser momentos de praia ou de festa só porque todos os outros parecem estar na praia ou na festa. Quando isto acontece, as férias deixam de representar férias e passam a representar pressão social.

Seja qual for a nossa forma de viver as férias, a verdade é que há um requisito que é essencial para que possam cumprir a sua função - recuperarmos energia, equilibrarmos o nosso bem-estar físico, mental e social. E esse requisito é que as férias devem respeitar a necessidade de descansarmos e de nos desligarmos do mundo profissional e das tensões habituais do dia a dia.

No entanto, atualmente, desligar torna-se extremamente difícil e desafiante e, apesar de muitas vezes se estar de férias, poucas vezes, se está desligado.

É, por isso, absolutamente importante lembrarmo-nos que desconectarmos e descansarmos pode ser feito de diversas formas consoante a pessoa que somos e as necessidades do nosso interior e do nosso corpo em cada momento e em cada fase da nossa vida. Assim, para uns pode ser banhos de sol, para outros pode ser refúgio na natureza, da mesma forma que pode ser estar rodeado de pessoas ou estar isolado.

Neste contexto, é essencial que cada um de nós seja capaz de perceber quais serão efetivamente as formas de desligar mais eficazes, não nos deixando levar apenas por tudo aquilo que para os outros parece ser uma boa forma de descansar e desligar. Ao descobrir a nossa forma de desconectar, conseguiremos, por fim, umas férias revigorantes e que, de facto, significam férias.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.