A ciência tem vindo a sugerir uma crescente ligação entre a felicidade e a saúde ao longo dos últimos anos. "Várias pesquisas mostram que o otimismo está associado a uma boa saúde, geralmente livre de doenças cardiovasculares", refere Christopher Peterson. Enquanto investigador e professor de psicologia na Universidade do Michigan, nos EUA, conduziu alguns desses estudos e concluiu que "a explicação para isto é que as pessoas otimistas comportam-se de maneira diferente, cuidam bem de si próprias", sublinha.
Uma investigação divulgada pela publicação especializada European Heart Journal em 2020 concluiu que as pessoas que estão geralmente felizes têm, por norma, segundo os dados apurados, uma menor probabilidade de vir a desenvolver doença cardíaca. O coletivo de investigadores norte-americanos descobriram que um aumento das emoções positivas está associado a uma redução do risco de doença cardíaca em cerca de 22% por ponto, numa escala de um a cinco pontos que mede os níveis de emoções positivas.
Calcula-se que este efeito protetor se deve ao facto de as pessoas felizes terem períodos mais longos de descanso, de recuperarem mais rapidamente de situações de stresse e de não passarem tanto tempo a reviver esses momentos. Para tirar partido do efeito protetor da felicidade, esses mesmos investigadores aconselham a incluir no seu dia a dia atividades que lhe dão prazer. Se gosta de ler romances, mas não tem tempo, dispense 15 minutos por dia à leitura. Se andar ou ouvir música melhoram o seu humor, coloque essas atividades na sua agenda e esforce-se por conseguir incluí-las no seu dia. Se lhe fazem bem, não pode, de todo, prescindir delas.
Passar alguns minutos do dia verdadeiramente descontraído e a desfrutar o momento é bom para a sua saúde mental e pode melhorar a sua saúde física também. Um dos maiores estudos feitos até hoje sobre felicidade e longevidade analisou o quotidiano de 180 freiras, em Milwaukee, nos EUA. Todas tinham a mesma dieta, o mesmo trabalho e rotina mas não, surpreendentemente, a mesma esperança de vida. Nas mais felizes, 90% ultrapassou os 85 anos. No grupo das menos positivas, apenas 34% atingiu essa idade.
Em média, as freiras mais felizes viveram cerca de mais nove anos, apuraram os autores do estudo. David Servan-Schreiber, um médico psiquiatra e neurocientista, dedicou-se, antes de morrer, em 2011, ao estudo do cancro depois de ter sido vítima de doença oncológica. O especialista francês descobriu que a depressão crónica aumenta, em média, em cerca de 39% o risco de o paciente morrer de cancro. Esta situação deve-se a anormais secreções de cortisol e de adrenalina que estimulam e aceleram a inflamação.
Esse processo reduz a capacidade do sistema imunitário de combater a doença. Ao evitar sentimentos negativos, é possível reduzir tanto a depressão como a inflamação física. A realidade é que as pessoas otimistas e realizadas estão a viver mais anos, garantem os especialistas globais. Mais recentemente, uma nova investigação internacional, divulgada no final do verão de 2020, apurou que 89% dos que responderam a um inquérito de um grupo de cientistas acredita que pode mesmo controlar esses estados.
O questionário, promovido pelo site Tracking Happiness, obteve 1.154 respostas de 665 homens, 482 mulheres e 7 pessoas que não identificaram o seu género, com idades compreendidas entre os 15 e os 80 anos. Desses 89%, cerca de 32% considera viver num ambiente de felicidade acima da média. Não foram identificadas diferenças significativas entre sexos mas, à medida que os anos vão passando, vai aumentando o número dos que acreditam que a felicidade é um estado de espírito que pode efetivamente ser controlado.
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