Nos artigos anteriores sobre introversão e ambiversão foi explicado que existem diferentes tipos de personalidade, com várias dimensões que podem ser avaliadas por profissionais qualificados. Uma dessas dimensões é a extroversão que, como vimos, representa um contínuo entre a introversão, ambiversão e extroversão, e que deram origem a esta trilogia de artigos.

A extroversão foi proposta pela primeira vez pelo psiquiatra Carl Jung, na década de 1920. As pessoas que se identificam como extrovertidas tendem a procurar novas experiências e conexões sociais que lhes permitam interagir, tanto quanto possível, com outras pessoas. É dessa forma que se sentem confortáveis e que recarregam as suas energias. Em contrapartida, quando passam muito tempo sozinhos, os extrovertidos sentem-se entediados e ansiosos.

A extroversão e introversão existem numa escala móvel, e embora haja poucas pessoas consideradas extrovertidas “puras”, o grau de extroversão de uma pessoa é um fator central da sua personalidade. Os extrovertidos “puros” costumam ser considerados “festeiros”, mas podem entrar em conflito com pessoas mais introvertidas, que consideram a energia e o entusiasmo de um extrovertido avassaladores e difíceis de lidar.

A investigação tem mostrado que a extroversão é associada a uma série de resultados positivos. Aqueles que se inclinam para a extroversão tendem a ser mais felizes, mais bem-sucedidos e mais propensos a serem líderes, do que os introvertidos. Mas isto não significa que seja melhor ser extrovertido. Qualquer um que se identifique como sendo introvertido, ambivertido ou extrovertido provavelmente argumentará que o seu tipo possui as maiores vantagens, mas, na realidade, como vimos nos artigos anteriores, há vantagens e desvantagens para cada tipologia.

Quais são então as potencialidades dos extrovertidos?

As pessoas com níveis elevados de extroversão tendem a relacionar-se bem com os outros e, geralmente, são pessoas animadas e queridas, com enorme capacidade de formarem conexões de forma rápida. Além disso:

  • Gostam de estar em grandes grupos (amigos, colegas, contactos sociais);
  • Tendem a ser diretos, sinceros e carismáticos;
  • Comunicam facilmente em qualquer contexto;
  • Estão dispostos a ajudar os outros;
  • Preferem passar a maior parte do tempo com outras pessoas;
  • Gostam de partilhar ideias e pensamentos, encetando em discussões saudáveis;
  • São autoconfiantes, na maioria das vezes;
  • São otimistas, tagarelas e capazes de falar publicamente sem medo de julgamentos;
  • São autossuficientes, com probabilidade de se tornarem líderes ou de ocuparem cargos de relevo e profissões que envolvam exposição.

Apesar de todos estes pontos positivos, os extrovertidos também têm vulnerabilidades. Uma das principais é que os extrovertidos “puros” podem ter dificuldades em gerir as suas emoções ou em mantê-las sob controlo, em determinadas circunstâncias. Umas vezes, podem parecer agressivos e até mesmo arrogantes; outras vezes, parecem ter a intenção de agradar todos ao seu redor. Estes comportamentos podem levar à formação de opiniões negativas, como se os extrovertidos usassem uma máscara para obterem determinado resultado. 

Outras vulnerabilidades apresentadas pelos extrovertidos é que estes:

  • São incapazes de fazerem julgamentos analíticos e sem emoção;
  • Podem ter ausência de bom senso em determinados contextos, podendo tornar-se o centro das atenções, de forma negativa;
  • Procuram a validação constante dos outros;
  • Gostam de ter o controlo das situações;
  • Podem ser muito intensos na exposição de ideias e emoções;
  • Têm dificuldades em se concentrarem no que os outros estão a dizer ou de concluírem projetos em andamento, devido ao excesso de entusiasmo em tudo o que fazem;
  • Podem causar momentos de vergonha ou constrangimento alheios;
  • Podem comprometer o seu desempenho em determinadas tarefas, devido à procura constante de companhia, que acaba por ser um elemento distrator.

Ser introvertido, ambivertido ou extrovertido não significa ser inferior ou superior a alguém. Importa apenas ter o autoconhecimento necessário para percebermos quando algumas das nossas características nos podem estar a prejudicar em diversos domínios das nossas vidas, ou a ancorar em zonas de conforto que nos impedem de crescer. Se for esse o seu caso, não hesite em procurar ajuda.

Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense.