Será que nascemos com um desejo inato de sermos felizes? Ou será que a sociedade alimenta este desejo competitivo de sermos “o mais felizes” possível (de preferência, mais felizes que o vizinho do lado)?

Gregory Scott Brown, psiquiatra e autor de diversos livros sobre a importância da mudança para a saúde mental, traz uma “má notícia”: é impossível sermos felizes o tempo todo.

Para o autor, o principal obstáculo à procura da felicidade é, literalmente, o facto de a felicidade ser uma emoção e não um “estado”, uma “forma de estar” ou um “estilo de vida”.

Emoções como a felicidade ou, por oposição, a tristeza, são temporárias e, por isso, procurar a felicidade é como perseguir ou correr atrás de um alvo que se encontra em movimento – não só não o vamos alcançar (pelo menos sempre), como existe um risco elevado de nos sentirmos frustrados, impedindo-nos de desfrutar de momentos de felicidade. Ou seja, a procura incessante da felicidade aumenta o risco de sintomas de depressão ou de ansiedade, pois não conseguimos satisfazer esta necessidade irrealista.

Contudo, existem “boas notícias”: por oposição à felicidade, a sensação de realização pode ser vista como um “estado”, uma “forma de estar” ou um “estilo de vida”.

E o que define esta “sensação de realização”? As investigações, ao longo dos últimos anos, identificaram os seguintes elementos, concretamente:

  1. Aceitar a nossa pessoa, quem somos e o que nos define;
  2. Aproveitar o que temos, os elementos positivos da nossa vida, em detrimento de focar em elementos meramente negativos ou naquilo que “poderia ser melhor”;
  3. Adotar uma perspetiva positiva e esperançosa em relação ao futuro, aumentando a motivação para alcançar os nossos objetivos.
  4. Aceitar os altos e baixos das emoções: as nossas emoções sofrem flutuações e, por isso, é fundamental aceitar essa “montanha-russa emocional”, no sentido de prevenir reações negativas perante as variações e consequentes pensamentos de autocritica e autodepreciativos.
  5. Praticar o autocuidado: cuidar da saúde física e mental (por exemplo, yoga, exercício físico, consultas de psicologia, ler um livro).
  6. Adotar um discurso baseado na gratidão: todos os dias, ao final do dia ou pela manhã, pensar e/ou escrever sobre o que nos sentimos gratos por ter na nossa vida.
  7. Aprender a adaptar ao inesperado da vida, mesmo que para isso necessidade de ajuda especializada: a vida é imprevisível e adaptar à mudança é fundamental. Isto não significa desistir dos sonhos, mas sim, aproveitar, na medida do possível, o que a vida tem para dar, refletir sobre mudanças a implementar (hábitos novos a incluir versus hábitos disfuncionais a excluir) para alcançar os nossos sonhos e objetivos.
  8. Libertar de sentimentos de culpa e/ou arrependimento: refletir sobre aprendizagens de experiências negativas (O que aprendi? O que não quero repetir no meu presente e futuro? Quais as lições do passado?), focar no presente e no que é modificável, pois somos impotentes em relação ao futuro.
  9. Desenvolver relações com significado: as relações não são somente um investimento para a saúde mental, mas facilitadores da sensação de valorização de nos próprios e da nossa vida, do que nos rodeia.

Para um processo de desenvolvimento e crescimento pessoal, recorrer a ajuda psicológica pode ser fundamental, uma vez que é um espaço seguro de autoconhecimento, integração de experiências negativas na identidade e história de vida, identificação das mudanças a implementar no dia-a-dia, reflexão sobre as aprendizagens do passado e, inevitavelmente, uma experiência de colo emocional, ausente de julgamento ou crítica.

Peça ajuda, não se encontra sozinho(a)! A sua mudança pode começar agora. Quer arriscar?

As explicações são de Sofia Gabriel e Mauro Paulino da MIND | Psicologia Clínica e Forense.