Em primeiro lugar, resiliência significa reconhecer que opções temos à disposição, assumindo as circunstâncias e, em seguida, fazer o que estiver ao nosso alcance para enfrentar a adversidade. Conhecemo-nos a nós próprios, sabendo o que nos provoca, tranquiliza e motiva. Por fim, a resiliência envolve também a aprendizagem de estratégias que nos permitem avançar na direção pretendida.

O objetivo não passa por chegar a um determinado ponto rapidamente. A resiliência requer, sobretudo, uma intenção refletida. Pessoas mais resilientes compreendem que por mais dramática que seja a situação, nunca serão completamente impotentes. Devemos, portanto, conceder-nos o direito de ir à luta, mesmo com medo, tristeza, frustração e dor, para depois trabalharmos no sentido de redefinir novas alternativas.

Quais os perigos do coronavírus para a nossa saúde mental? As explicações de uma psicóloga
Quais os perigos do coronavírus para a nossa saúde mental? As explicações de uma psicóloga
Ver artigo

Resumidamente, o conceito de resiliência consiste em sair de uma situação difícil, vendo o lado positivo e o negativo, estando conscientes das potenciais dificuldades da situação e agir em conformidade. Em tempos difíceis como este, a nossa resiliência individual é posta à prova e será a nossa capacidade de adaptação que nos fará avançar.

Para que seja possível trabalhar no desenvolvimento de estratégias e minimizar o impacto da resposta ao stress, é importante reconhecer os sinais comuns de baixa resiliência, como por exemplo:

  • Sentir-se desligado ou isolar-se intencionalmente dos outros
  • Sentir-se sobrecarregado ou stressado
  • Ter ansiedade, medo e preocupações acumuladas
  • Perder o interesse por atividades diárias e sentimentos de tristeza
  • Sentir raiva, frustração e irritabilidade
  • Sentir-se pouco otimista
  • Dificuldade em adormecer ou em manter um sono profundo e reparador

Neste sentido, observe as 5 medidas práticas que pode adotar com o objetivo de desenvolver a capacidade de resiliência em tempos de incerteza:

1. Elabore uma lista de preocupações

Comece pelas maiores: quantas das suas preocupações estão sob o seu controlo neste momento? Registe o máximo de soluções que conseguir encontrar. Quantas são improváveis de se tornarem realidade ou saírem do seu controlo? Parte do processo de desenvolvimento da resiliência implica conseguir olhar para o passado e ver que preocupações são específicas desse período. Ao fazê-lo, percebe que preocupações se concretizaram, as que conseguiu resolver e as que nunca se tornaram um problema.

2. Seja otimista

Na vida, haverá coisas negativas, as quais pode controlar, se procurar considerar o lado positivo. Ainda que o otimismo não signifique a inexistência de momentos de stresse, a abordagem adotada para as situações será mais saudável. Ser positivo tem o potencial de diminuir a ansiedade e os sentimentos de tristeza.

3. Pense na solução, não no problema

Adote uma abordagem centrada na solução, em vez de ficar focado nos aspetos negativos. Esta abordagem torna-se particularmente importante, pois exige uma reorientação da atenção dada ao problema, para a procura de uma solução, promovendo a procura de um caminho a seguir.

Burnout: um "vírus" que pode contaminar todo o sistema
Burnout: um "vírus" que pode contaminar todo o sistema
Ver artigo

4. Pratique o autocuidado

Manter uma rotina diária de autocuidado constitui uma condição indispensável com vista a manter ou fortalecer a capacidade de resistência. Para tal, significa estar atento às suas próprias necessidades. As práticas quotidianas, como por exemplo o sono regular, o exercício e uma dieta equilibrada contribuem, entre outros aspetos, para desenvolver a resiliência. Ter um corpo e mente saudáveis contribui de forma mais positiva para fazer face a situações de crise.

5. Construa uma imagem de como vê a resiliência

Sempre que sentir um aumento dos níveis de ansiedade, poderá recorrer a esta imagem. Pode ser, por exemplo, uma pessoa em particular que o/a inspire em tempos mais difíceis. A verdadeira resiliência resulta da tolerância e da aprendizagem de contrariedades inesperadas, ou seja, desafios fora da zona de controlo, que nos impedem de seguir o nosso próprio caminho e nos conduzem para uma nova direção.

As explicações são dos psicólogos Mauro Paulino e Rodrigo Dumas-Diniz da MIND - Psicologia Clínica e Forense.