Perante a logística e as exigências do dia a dia, é fácil sentirmo-nos desmotivados e desligados. Sendo que a sensação de inércia, a necessidade de procrastinar e um estado de quase “adormecimento” para a vida, podem refletir outro tipo de dificuldades do foro emocional que tendem a empolar se não invertermos o processo no qual estamos a entrar.

Este cenário pode ocorrer em diversas fases da nossa vida, sendo no entanto mais comum, nas fases de transição, como por exemplo, na adolescência, na jovem adultez ou na entrada para a reforma. Uma vez que estas são fases naturalmente desafiantes e que implicam uma  readaptação de estilo de vida e, muitas vezes, novos rumos. Perante estes novos rumos, sentimo-nos demasiadas vezes perdidos e estando perdidos muitas vezes, somos levados à inação.

Por isso, se está a passar por uma destas fases, para a ultrapassar com o mínimo de sobressaltos, deve começar por:

1. Desenvolver o autoconhecimento

Conhecermo-nos a nós próprios é o ponto de partida para encontrarmos o nosso caminho e o nosso bem-estar. Se está numa fase em que parece ‘perdido’, comece por procurar analisar quais os seus valores atuais, quais as suas prioridades, quais as relações que o fortalecem e que necessidades precisa que sejam correspondidas neste momento. Coloque-se as questões necessárias que lhe permitam aceder a uma perspetiva de si próprio cada vez mais clara e próxima do seu lado mais espontâneo;

2. Permitir-se a sentir

Muitas vezes, aquilo que mais rapidamente fazemos, é bloquear os nossos sentimentos. Todas as emoções são válidas e se se quer automotivar-se, precisa de sentir. As suas emoções funcionarão como guias e como sinais de alerta, permita-se a deixar a sua sensibilidade emocional fluir e a deixar-se guiar por ela;

3. Encontrar um propósito

A falta de motivação, o sentimento de estarmos perdidos e sem rumo, regra geral, advêm da ausência de um propósito de vida. Daí ser mais comum surgir nas fases de transição em que o propósito parece ficar, muitas vezes, esbatido. Por isso, procure descobrir o seu propósito, procure a partir do seu autoconhecimento e da sua sensibilidade emocional, encontrar um caminho que lhe permita sentir realização pessoal, utilidade e bem-estar.

Perante tudo isto, sempre que estiver preso à inércia e altamente desmotivado para as exigências do dia a dia, evite entrar em piloto automático, lembre-se de parar, de refletir acerca de si, do seu contexto e de tudo aquilo que prioriza. Para, a partir desta análise, se voltar a encontrar e, gradualmente, voltar a ter a motivação necessária para a ação, de forma a manter-se sintonizado consigo próprio e com a vida.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.