As Perturbações do Neurodesenvolvimento são um grupo de patologias que atualmente nos deixa cada vez mais alarmados, dado que leva a alterações no desenvolvimento e/ou comportamento e que tipicamente surgem nos primeiros anos de vida. Têm critérios de diagnóstico bem definidos, diferentes graus de gravidade e impacto importante na qualidade de vida da criança e da família. Tendo em conta a importância de um diagnóstico precoce e a implementação de um plano de intervenção específico adaptado ao perfil funcional da criança e às necessidades da família, é necessário recorrer à Avaliação do Desenvolvimento da Criança.
“Será que o meu filho está bem desenvolvido?”
O desenvolvimento infantil consiste numa série de processos evolutivos de aprendizagem para a aquisição das capacidades cognitivas, motoras emocionais e sociais. É essencial estimular e promover o desenvolvimento para que a criança possa atingir o máximo das suas potencialidades fundamentais, quer no seu processo educativo como na socialização.
A maioria das crianças segue um padrão de desenvolvimento, atingindo etapas numa sequência semelhante. Mas, pode acontecer que essas etapas ou estádios de desenvolvimento não sejam atingidos, ou sejam alcançados tardiamente, devido a um atraso de desenvolvimento global ou apenas de algumas áreas (competências cognitivas, linguagem, motricidade e desenvolvimento emocional/social).
Apesar de cada criança se desenvolver ao seu próprio ritmo existem alguns sinais, em cada faixa etária, aos quais os pais podem e devem ficar atentos para verificarem se os marcos de desenvolvimento estão a ser atingidos.
Existem alguns Sinais de Alerta no Desenvolvimento da Criança que poderão ser indicadores de alguma dificuldade que merece avaliação especializada. Verifique a lista que se segue:
Aos 6 meses:
- Não apresenta controlo cefálico;
- Não olha nem pega em objetos;
- Desinteresse pelo ambiente, não estabelece contacto ou mostra-se apático.
Aos 9 meses:
- Não se senta;
- Não agarra nem explora os objetos;
- Engasga-se com facilidade.
Aos 12 meses:
- Não suporta o peso das pernas ou permanece imóvel e não tenta mudar de posição;
- Não pega nos brinquedos ou fá-lo só com uma das mãos;
- Não estabelece contacto, não reage ao nome e não segue o apontar dos pais.
Aos 15 meses:
- Não existem tentativas de se deslocar e explorar o ambiente envolvente;
- Não faz pinça fina e não usa funcionalmente os objetos;
- Não faz sons nem tenta imitar os sons dos adultos.
Aos 18 meses:
- Não se poe de pé, anda em bicos de pés ou não anda;
- Atira sistematicamente os objetos ou leva-os à boca sem uso funcional;
- Não se interessa pelo mundo que o rodeia, não faz contacto ocular e não apresenta intenções de comunicação.
Aos 2 anos:
- Deita objetos fora e não constrói nada;
- Não parece compreender o que lhe dizem nem usa palavras inteligíveis;
- Faz birras constantes.
Aos 3 anos:
- Cai com bastante frequência;
- Não consegue manipular objetos pequenos;
- Não parece compreender o que lhe dizem e não juntas palavras para formar frases.
Dos 4 aos 6 anos:
- Apresenta agitação psicomotora e distração constante tendo dificuldade em permanecer nas tarefas, interagir socialmente e apresenta um comportamento desafiador.
Os resultados obtidos através da Avaliação de Desenvolvimento permitem identificar eventuais dificuldades e atrasos no desenvolvimento normativo. Quanto mais cedo forem detetadas as alterações no desenvolvimento, melhor prognóstico de evolução terá a criança.
A avaliação do desenvolvimento infantil é de suma importância para monitorizar o seu progresso e conceber intervenções adequadas às necessidades de cada criança. Pelo que no grupo Trofa priorizamos a avaliação e deteção precoce de qualquer alteração, podendo assim intervir de forma atempada nas dificuldades.
Se o seu filho apresenta um ou mais destes sinais deve procurar ajuda e proceder a uma avaliação do desenvolvimento infantil o mais imediato possível.
Um artigo da Psicóloga Clínica e da Saúde Marisa Marques.
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