Por isso, sempre que surgem as dificuldades escolares — sejam elas apenas numa área mais concreta de estudos, sejam elas generalizadas — é essencial analisar as suas origens para, a partir daí, delinear uma intervenção estruturada e direcionada.

Aquilo que acontece é que a maior parte das vezes, somos redutores e apenas investimos a nível cognitivo, entanto, muitas vezes, a estimulação cognitiva acaba por não resultar, visto que a dificuldade — apesar de ser escolar — pode não ser estrutural a nível cognitivo e dever-se a outros factores.

Assim, perante as dificuldades escolares é essencial fazer uma avaliação global que permita:

Avaliar a componente cognitiva

Isto é que permita aceder ao funcionamento cognitivo e determinar áreas fortes e áreas frágeis. Esta avaliação permite diferenciar se estamos perante uma dificuldade cognitiva propriamente dita, ou se, por outro lado, o funcionamento cognitivo não apresenta constrangimentos. Caso a dificuldade seja do foro cognitivo, podemos a partir de uma avaliação desta natureza determinar quais as áreas exatas que precisam de estimulação e direcionar essa estimulação.

Avaliar a componente emocional e social

É comum que as dificuldades escolares apareçam como um reflexo de dificuldades emocionais e sociais, como por exemplo, ser incapaz de tolerar a frustração, agitação interna, o isolamento ou o comportamento de oposição. É, por isso, essencial nunca nos esquecermos da parte emocional e social quando surgem as dificuldades escolares, pois se esta for a causa a intervenção precisa de ser direcionada para estas áreas específicas de desenvolvimento.

Avaliar a componente familiar

No coração de uma criança a escola nunca será mais importante que a família, por isso, muitas vezes, as dificuldades escolares surgem na sequência de dificuldades na relação familiar, seja preocupações da criança com a família, seja atritos e conflitos, por exemplo. Aquilo que precisamos de ter consciência é que a qualidade das relações e o bem-estar no seio familiar influenciam diretamente as funções cognitivas e a disponibilidade de uma criança para aprender.

Deste modo, nunca nos esqueçamos que, só a partir de uma avaliação estruturada e que abranja todas as principais áreas de vida de uma criança, será possível delinear uma intervenção que permita gerar transformações efetivas e que levem à promoção das competências académicas.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.