No entanto, a verdade é que para muitos estudantes não é bem assim, e a primeira coisa que pensam quando se lembram do período de exames é ‘ansiedade’. E a ansiedade, muitas vezes, leva-nos a bloquear e a uma diminuição significativa do rendimento académico. Não nos esqueçamos ainda que, a ansiedade na época de exames vem muitas vezes mascarada de outros pensamentos como “não vou ser capaz”, “não consigo concentrar-me”, “vou chumbar” e, nem sempre, percebemos, de forma manifesta, que estamos perante um ciclo de ansiedade.
Olhando para a ansiedade, regra geral ela é entendida e vivida como difícil e como dolorosa. Apesar disso, se queremos combater a ansiedade, é importante perceber porque é que ela surge. Isto significa que, sempre que um estudante se sente ansioso para um exame, deve parar por momentos para pensar o que é que a ansiedade lhe está a transmitir e o que é que significa para si essa ansiedade. Isto é, a ansiedade dos exames resulta sempre da incerteza e imprevisibilidade que os exames implicam. Mas, essa incerteza tem diferentes significados para cada um. Para alguns, pode significar ‘não entrar na faculdade’, para outros pode significar ‘sentirem-se desvalorizados ou burros’ e para outros pode significar “desiludir os pais”, por exemplo.
Assim, antes de pensar em como resolver a ansiedade, sempre que ela surge, é crucial que cada um perceba o que é que significa a ansiedade para si e qual é a mensagem que ela está a transmitir! Sendo este, seguramente, o primeiro passo - e o mais importante - para gerir de forma adequada a ansiedade.
Depois de se tomar esta consciência do que é a ansiedade e de qual a sua mensagem, é essencial perceber em termos práticos o ciclo habitual da ansiedade, para que de forma mais simples se consiga lidar com ela. Ou seja a ansiedade começa com um pensamento inicial de que existem exames e que se pode falhar, a partir daqui são criados diversos cenários negativos no pensamento, até que há uma descarga de sintomas ansiógenos, que geram um resultado negativo, como por exemplo, incapacidade de estudar ou de manter a atenção.
Assim, o ponto inicial da ansiedade começa no pensamento e, por norma, a ansiedade perpetua-se porque tendemos a fugir desses pensamentos e dessa ansiedade.
Neste sentido, é importante que fique claro que quanto mais fugimos dos nossos pensamentos, mais eles nos perseguem e passa-se o mesmo com a ansiedade. Quanto mais fugimos da ansiedade mais ela nos persegue!
Desta forma, retomando o ciclo da ansiedade - para que ela não se exponencie - , devemos ser capazes de quebrar esse ciclo logo no pensamento inicial, ainda antes de surgirem os sintomas. Isto é, por exemplo, quando o pensamento sobre o insucesso nos exames surge é essencial, olhar de frente para o pensamento e dar-lhe espaço dentro de cada um, qualquer coisa como colocarmo-nos algumas questões, como por exemplo:
- Será que faz sentido eu não ser capaz de fazer o exame?
- Será que ter negativa representa que estou sempre a falhar?
Aqui é importante termos claro que, na maioria das vezes, o pensamento está só a tentar dar um teor catastrófico a toda a situação, ao fazer perguntas ao pensamento, procuramos perceber se o pensamento faz sentido. E, se fizer, quais as suas reais consequências.
Quando se percebe que o pensamento está a ser demasiado catastrófico, ou que não faz sentido, a ansiedade tende a dissipar-se. Mas, se fizerem sentido, permite-nos levar a tomar estratégias para evitar que se torne real, como por exemplo, encontrar alternativas mais eficazes de estudo.
Perante tudo isto é importante termos sempre presente que a ansiedade é um sinal de alerta interno que nos pretende proteger perante o perigo iminente que os exames representam. Assim, para sobreviver aos exames sem ansiedade é essencial ouvir os sinais da ansiedade, agir se for caso disso, e interromper o ciclo da ansiedade antes mesmo dos sintomas começarem a surgir sem controlo.
As explicações são de Cátia Lopo e Sara Almeida, psicólogas clínicas na Escola do Sentir.
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