Sabemos atualmente que a obesidade infantil tem vindo a aumentar significativamente ao longo dos anos sendo considerada pela OMS um problema de saúde pública a nível mundial.
Estima-se que 155.000.000 das crianças em idade escolar apresentam excesso de peso, 42.000.000 destas são obesas e 35.000.000 representam crianças em países desenvolvidos.
A mudança nos hábitos alimentares e estilo de vida numa fase precoce é fundamental para que a criança consiga atingir um peso normativo e não haver prolongamento até à idade adulta.
Sabe-se que o risco de desenvolver comorbilidades associadas à obesidade como diabetes tipo 2, dislipidémia, doença arterial coronária, hipertensão, refluxo gastroesofágico, cálculos biliares, apneia do sono, asma, problemas ósseos e articulares é significativamente superior em adolescentes e adultos que eram obesos na infância.
Para além das alterações fisiológicas ocorrem alterações a nível psicológico traduzidas por uma baixa auto-estima, insatisfação corporal e uma menor qualidade de vida. Em determinados casos pode levar a depressão e um risco aumentado de desenvolver uma perturbação alimentar.
Para que a criança consiga alterar os comportamentos alimentares é necessário o envolvimento dos pais e família uma vez que são estes os responsáveis pela manutenção da saúde e consequente qualidade de vida dos seus filhos. A prevenção começa nas escolhas alimentares que os pais fazem e na sua capacidade de percepcionar a imagem corporal real dos seus filhos. A dificuldade dos pais em reconhecer que os filhos têm um peso desajustado à idade e hábitos alimentares pouco saudáveis constitui uma das principais barreiras à mudança do estilo de vida e consequente manutenção de um peso saudável.
Estudos indicam que uma abordagem direcionada para a prevenção da obesidade mais focada na mudança do estilo de vida familiar e menos no peso da criança e adolescente é mais eficaz do que apenas centrada na criança.
Os profissionais de saúde devem consciencializar e encorajar os pais a servirem como modelos e promoverem um ambiente alimentar saudável, promovendo o consumo de alimentos frescos e pouco processados como as frutas, vegetais, cereais integrais, leguminosas, água e limitando a disponibilidade de refrigerantes, alimentos açucarados e com elevado teor de gordura saturada.
O aumento da atividade física e a diminuição do tempo em frente à televisão/computador assim como fazer mais refeições em família, preparadas em casa e refeições com menos distrações são igualmente importantes para mudar determinados comportamentos familiares.
De forma a prevenir o ganho de peso e consequente obesidade é importante que os pais consultem um pediatra, nutricionista e psicólogo para que em conjunto a intervenção possa ser bem-sucedida.
Um artigo da nutricionista Catarina Távora.
Comentários