Também designada dança da vida, assume-se como um caminho para reencontrar a alegria de viver e promover a saúde e o bem-estar.
Quando, em 1965, o antropólogo chileno Rolando Toro resolveu testar um novo método não convencional (a dança) num grupo de esquizofrénicos, teve uma resposta surpreendente.
Verificou que a Biodanza é muito mais rápida e eficaz, do que qualquer outra linha terapêutica testada até então.
Nascia assim a Biodanza (bio deriva do termo bios que significa vida), um processo de desenvolvimento pessoal que visa resgatar a afectividade (integração afectiva), regular as funções biológicas do organismo (renovação orgânica) e reensinar a confiar nos instintos, os grandes responsáveis pela conservação e evolução da vida (reaprendizagem das funções originárias da vida).
O que é?
A Biodanza é um sistema de desenvolvimento pessoal que utiliza como instrumentos a música, o movimento e a emoção para desenvolver as potencialidades do ser humano, procurando resgatar em cada um a sua própria dança, isto é, a forma de viver a sua vida e de ser feliz.
Mais do que um conjunto de exercícios com música ou de uma simples forma de expressar emoções, é uma técnica que procura induzir transformações na existência, de forma a reencontrar a alegria de viver e promover a saúde e o bem-estar.
Como funciona?
A dança é o ponto de partida, mas a proposta da Biodanza não consiste só em dançar, mas sim em proporcionar a possibilidade de contacto com os nossos instintos e energias vitais, os quais, ao serem activados, actuam na restauração de um equilíbrio psico-orgânico que nos conecta connosco, com os outros e com a natureza.
De acordo com Rolando Toro, o movimento, a dança, o canto e os exercícios de comunicação em grupo induzem a “vivências” (experiências imediatas intensas), capazes de modificar o organismo e a existência humana ao nível físico, afectivo-motor e existencial.
Quais os benefícios?
Para tal, nas aulas de Biodanza, «a pessoa é convidada, ao seu ritmo e à sua maneira, a mover-se, a expressar-se, a cuidar de si, a olhar os ritmos diferentes das outras pessoas, a aceitar-se e a aceitar os outros como são», explica. Desta forma, é possível resgatar não só a auto-estima como a capacidade de contornar obstáculos na vida; em suma, um convite a ser feliz.
Por outro lado, as vivências de integração (assentes em música e afectividade), promovidas pela Biodanza, também actuam com fins terapêuticos na promoção da saúde. Como? Ao estimular o processo de auto-regulação neuro-endócrina, aumentam a resistência ao stress e à ansiedade e diminuem os estados de doença.
A Biodanza tem como objectivo ajudar a estimular o lado positivo das pessoas, desenvolver a sua criatividade e melhorar a sua capacidade de comunicação e de auto-estima. De acordo com Nuno Pinto, facilitador de Biodanza, esta técnica «leva as pessoas a conhecerem os seus talentos, virtudes, a ficarem mais felizes, amáveis e, aos poucos, vai eliminando os medos provocados pela sociedade, como o medo de se expressar, de tocar, de ser tocado...».
Como é uma aula de Biodanza?
Uma aula-tipo começa com os alunos sentados no chão, formando uma roda, a partilhar experiências e sentimentos.
De acordo com Nuno Pinto, esta interacção, «é importante para tecer uma rede solidária onde cada um é importante».
Depois a roda continua, mas de pé, e as pessoas são convidadas a movimentarem-se ao som da música, que alterna entre ritmos mais acelerados e mais lentos.
Através dos diferentes ritmos, «cada pessoa encontra uma maneira própria de se expressar, descobre sentimentos, necessidades, desejos... e, lentamente, vai-se descobrindo e percebendo que pode alterar o seu estilo de vida e a qualidade das suas relações».
Nas aulas de Biodanza é ainda comum o recurso ao abraço e à carícia («a carícia desperta a fonte do desejo e expressa a identidade, essencial no processo de mudança», explica Nuno Pinto) e a cerimónias de regressão («reforçam o processo de auto-regulação»).
A quem se destina?
A qualquer pessoa que deseje melhorar a sua qualidade de vida, diminuir os níveis de stress e reencontrar o prazer de viver. Toro considera a Biodanza «boa para todos», mas recomenda-a especialmente «aos enfermos desta nossa civilização, que têm dificuldade de contacto com o próximo, de comunicação, problemas familiares e que precisam resgatar a sua expressão criativa e genuína».
Onde experimentar?
No site da Escola de Biodanza SRT, encontra o contacto dos facilitadores de Biodanza credenciados em Portugal (www.escolabiodanzaportugal.com). Pode começar por experimentar uma aula aberta ou participar num grupo regular.
Para saber mais, pode ir ao site www.biodanzanunopinto.com.
Texto: Fernanda Soares
Revisão: Nuno Pinto (facilitador de Biodanza titulado pela International Biocentric Foundation, IBF)
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