Sansão tinha no cabelo a sua força. O seu orgulho. A sua masculinidade. O homem contemporâneo herdou esse culto. A calvície é um papão que persegue o ego masculino e, nos dias que correm, o homem moderno já nem esconde esse pavor. O estudo da Men’s Health é a prova disso mesmo. Mais de 50 por cento dos inquiridos assume que recorreria a um centro estético para tratar da calvície, 81 por cento confessa usar três marcas de perfume e 68 por cento dedica entre 10 a 15 minutos ao seu corpo todas as manhãs.
Sinais de que os tempos vão mudando. E que o homem de hoje está longe do tradicional macho do antigamente. Mas também não se aproxima do tão badalado metrosexual que se infiltrou nesta última década nos padrões masculinos.
Algures no meio desses dois conceitos insere-se um novo estilo de sex appeal masculino: o neosexual. O conceito é simples e definido da seguinte forma: ”Um homem um pouco mais rústico do que o metrosexual e um pouco mais sensível do que o démodé machão”.
Será que ele existe?
Joana, 35 anos, enfermeira, solteira, confidencia que “tenho andado atrás dele há séculos. Quero esse homem. O conceito é perfeito, mas ainda não conheci nenhum, daí ainda não ter assumido qualquer compromisso”. O seu ponto de vista não está longe da verdade. Na realidade, as mulheres não gostam de homens vaidosos demais, mas também não querem que eles descurem a sua aparência. Não gostam deles brutos, mas sensíveis demais também está fora de questão. Não gostam que abusem do perfume, mas prescindir dele…nem pemsar!
O sociólogo francês Rivièr avança com uma explicação biológica, não se trata de uma competição, mas no jogo da sedução cada sexo prefere desempenhar certos papéis. E nesse sentido descreveriamos o neosexual como um misto do look de Hugh Jackman, o misticismo de James Bond, o humor de Jim Carrey e a juventude de Zac Efron”.
A questão volta a impor-se: esse homem existe? “Muitos de nós vivemos uma busca incessante da perfeição que imaginamos mentalmente, focando-nos no ideal. Que será também o que não temos. Pois também será utópico. E assim pode acontecer que ao olharmos para alguém, que, no mínimo, até pode ser uma pessoa muito interessante, ao vermos que lhe falta uma parte do tal ideal, descartamos, desvalorizarmos ou ignoramos”, responde o sociólogo João Pombeiro.
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Opiniões…
George Clooney e Hugh Jackman são exemplos de neosexuais, pois preenchem, supostamente, os requisitos necessários; masculinidade, corpo saudável, sentido de humor e capacidade para “mudar uma lâmpada ou pôr um electrodoméstico a funcionar”.
António Manuel, bancário de 42 anos, refuta este conceito: “Não existe esse tipo de homem, Só na imaginação das mulheres. E elas só os querem nos sonhos, porque no dia-a-dia precisam de um homem de verdade. Cremezinhos para aqui e para acolá, mas na hora H, o velho conceito de macho é o que vigora”.Opinião contrária tem o jovem Gonçalo que, com apenas 17 anos, tem já grandes aspirações para seguir a carreira de modelo ou actor: “Já não faz sentido nos dias de hoje ter os preconceitos que se tinha antigamente. O homem actual gosta de usar perfume, vestir-se bem e estar na moda”.
As opiniões divergem, mas contra factos não há argumentos. E os números não mentem como recorda o sociólogo: “Cerca de 2800 mulheres, entre 18 e 35 anos, de 14 países (Argentina, Brasil, México, Estados Unidos, Austrália, Espanha, Itália, França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Índia, Filipinas e Japão) foram inquiridas sobre quais aspectos masculinos consideram mais atractivos num homem, referindo preferências femininas em relação a tipos de homens. Daqui, 81% dessas mulheres afirmaram que desejam um homem másculo, mas com alguns aspectos de sensibilidade; 75% delas alegaram que não querem mais dividir seus elementos de beleza com homens; 72% disseram querer um homem forte e determinado, que sabe o que quer, vai atrás do que quer e consegue.”
As mulheres parecem ter-se cansado dos metrosexuais e têm desafiado os homens a recuperar o seu sedutor instinto masculino. .João Pombeiro remata, desta forma: “Parafraseando o que li algures na Internet de alguém anónimo: “O homem moderno tem que se reinventar pois vive esse exacto conflito de identidade: ter que ser o "macho" tradicional, conquistador e ao mesmo tempo alguém mais sensível, livre para Ser e fazer o que quiser”, sabendo que pode mostrar-se como é, as emoções que sente e que pode evoluir, melhorar-se, sendo forte por isso mesmo”.
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