"É quando sinto ou utilizo um destes disfarces, eles servem um propósito útil (...) agem como uma defesa contra o sentimento de vergonha. Contudo, mesmo que me defenda da minha própria vergonha, ela continua a poder ser vista pelas outras pessoas; quando baixo a cabeça, desvio o olhar ou peço desculpa por ter necessidades e direitos. Posso até sentir uma certa náusea, frio, recolhimento ou alienação" Fischer, 1985.
A vergonha aparenta ser um efeito daquilo que fazemos com o mundo à nossa volta (crenças, mensagens, afirmações e regras negativas – pais, família, professores, padres, e outras pessoas que exercem algum de tipo de influencia (poder) sobre nós mesmos.
Existem dois tipos de vergonha; a saudável e a toxica. A vergonha saudável permite-nos conhecer os nossos próprios limites, fronteiras e satisfazer as nossas necessidades básicas – amar e ser amado. A vergonha saudável reforça as nossas próprias limitações, isso é OK, permitindo utilizar essa energia para nos transcendermos (autonomia, mestria, sentido e resiliência) por ex. quando cometemos erros e aprendemos com isso. Somos finitos; um dos problemas com a vergonha tóxica é precisamente não sabermos identificar os nossos limites.
A vergonha tóxica faz parte da nossa identidade, está “enraizada” no nosso mundo interior. A vergonha toxica reforça e está ligada aos sentimentos, necessidades e quando é interiorizada, você torna-se objeto do seu próprio desdém e desprezo (auto critica negativa): não expressa aquilo que realmente sente e pensa. Esta avaliação/escrutínio crítica interior reforça o perfeccionismo o isolamento, a culpa e a alienação da realidade.
É muito mais difícil identificar a vergonha do que o medo. Não gostamos de falar da vergonha, nem mesmo abordar o assunto. A vergonha é das emoções que menos se discute porque ficamos envergonhados, por ex. expostos os nossos "defeitos" e à crítica.
Uma parte significativa dos medos está relacionada com a vergonha. O medo da rejeição, da intimidade, de encontros sociais e falar em publico estão relacionados com o medo de ter defeitos, de falhar e de não merecer que ser amado/a. A vergonha tóxica reforça o defeito, o perfeccionismo e o falhanço como pessoa: "Não sou boa pessoa..." ou “Não sou como gostaria de ser."
Monitorize as suas atitudes e comportamentos. Explore o seu mundo: identifique a diferença entre a vergonha saudável e a vergonha tóxica.
João Alexandre Rodrigues
Addiction Counselor
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