Nutricionalmente o que se deverá fazer é uma mudança de estilo de vida. Entender que essa mudança não acontece da noite para o dia, e que cada paciente tem as suas características, hábitos e necessidades únicas.

A sua base alimentar deverá ser anti-inflamatória, bem como a implementação de uma alimentação plant-based e rica em antioxidantes de modo a diminuir o risco de doenças relacionados ao stress oxidativo (uma vez que os macrófagos – células brancas que agem em nossa defesa – são ativados no tecido peritoneal de mulheres com endometriose e geram stress oxidativo através do aumento de radicais peróxidos e produtos da sua degradação).

De modo a diminuir o stress oxidativo, é importante ingerir alguns alimentos, tais como: romã, ameixa, nozes, brócolos, entre outros, e aumentar o consumo de polifenóis, tais como o cacau, amêndoas, mirtilos, morangos, chá verde, entre outros.

Vários alimentos demonstram a capacidade de interferir na patogénese da endometriose. Entre os que diminuem o risco, estão os vegetais, legumes, grãos integrais, que atuam no genoma, alterando a expressão genética e influenciam a metilação do ADN. Dietas deficientes em determinados nutrientes levam ao aumento do stress oxidativo e alterações epigenéticas relacionadas à endometriose.

Entre as várias estratégias nutricionais a serem aplicadas, uma das mais importantes é o consumo de ómega-3, uma vez que o seu desequilíbrio na proporção de n-6/n-3 está relacionado com dismenorreia, distúrbios autoimunes e endócrinos em mulheres com endometriose.

O seu uso reduz o tamanho da lesão, reduz a produção local de prostaglandinas/citocinas e tem um efeito supressor na sobrevivência das células endometriais.

A hipersensibilidade visceral apresentada pelos pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII), é também encontrada em mulheres com endometriose, sugerindo que uma dieta baixa em FODMAPs poderá ser uma terapia interessante para estas mulheres.

Um artigo da nutricionista Andreia Pais, da Clínica Pilares da Saúde.