
Os ovos são um alimento completo e nutritivo e apresentam um valor calórico moderado (≈82kcal por 1 ovo). Nutricionalmente, são ricos em proteína de alto valor biológico (≈7g por ovo), têm baixo teor de gordura saturada (1,5g por ovo) e contêm outros nutrientes importantes como carotenóides, vitamina A, D e B12, selénio, colina, luteína e vários minerais (cálcio, ferro, magnésio e fósforo). Contudo, um ovo, particularmente a gema, contém cerca de 225mg de colesterol.
Antigamente, associava-se o consumo de ovos ao aumento do risco de doença cardiovascular, devido ao teor de colesterol contido nos mesmos e ao impacto que este poderia ter nestas doenças, recomendando-se o limite máximo de 3 ovos por semana. Além disso, até há uns anos, também a American Heart Association recomendava um consumo total de colesterol na dieta de <300mg/dia e 1 ovo continha quase a totalidade do colesterol que era recomendado ingerir de forma diária.
Contudo, hoje em dia, de acordo com a investigação científica atual, sabe-se que, o colesterol provém de duas fontes: 70-75% do colesterol total é produzido pelo nosso organismo, particularmente no fígado, e apenas 25-30% provém dos alimentos que consumimos, ou seja, o colesterol presente nos alimentos tem pouco impacto no colesterol do sangue, uma vez que maior parte é produzida pelo fígado.
Na verdade, o fígado é estimulado a produzir colesterol, devido ao consumo de alimentos ricos em gordura saturada e trans e não especificamente pelo colesterol presente nos alimentos que ingerimos.
Deste modo, sendo o ovo um alimento com um baixo teor de gordura saturada, parece ter pouco efeito no aumento do colesterol sanguíneo e na relação do colesterol LDL/HDL.
Vários estudos científicos e várias instituições científicas de referência (exemplos: Harvard medical School, Dietary Guidelines for Americans 2015-2020, National Heart Foundation of New Zealand, American Heart Association, Canadian Cardiovascular Society, Heart and Stroke Foundation e a Diabetes Canada, The EAT-Lancet Commission) revelaram que não há associação significativa entre o consumo de ovos e os lípidos sanguíneos, isto é, com o aumento do colesterol no sangue, nem com o risco de doença cardiovascular.
Concluindo, para a maior parte da população, como parte integrante de uma dieta saudável, como a Dieta Mediterrânica, o consumo de 1 ovo por dia é seguro e não tem impacto significativo no aumento do colesterol sanguíneo, nem qualquer influência no risco de doença cardiovascular.
Um artigo da nutricionista Joana Bernardo, do Hospital Lusíadas Lisboa.
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