Em muitos países, está atualmente em voga. Pode ajudá-lo a viver mais e melhor? Nas doses certas e se seguir alguns rituais saudáveis… sim! Essa é, pelo menos, a opinião de muitos nutricionistas e dietistas. Ingerir alimentos essencialmente vegetais e nunca cozinhados a mais de 47º C. Esta é a base da dieta crudivora, como também lhe chamam. Os muitos seguidores que já tem acreditam ser o caminho para o antienvelhecimento.
Também apelidado de dieta dos alimentos vivos por muitos dos seus adeptos, este regime alimentar é hoje um ramo do vegetarianismo e do veganismo que evita a ingestão de alimentos de origem animal e de todos os laticínios pasteurizados. De resto, quase tudo o que é natural pode ser comido e na despensa de um crudivoro não falta diversidade. Para além de legumes e fruta, pode incluir na dieta frutos secos e também algumas raízes.
A teoria das enzimas que muitos apontam
Um dos argumentos mais usados pelos crudivoros relaciona-se com as enzimas presentes nos alimentos. Segundo eles, ao não cozinhar a comida, por isto entende-se não aquecer os alimentos a mais de 47º C, essas enzimas (amilases, lipases e proteases) não são destruídas e vão ajudar à digestão. Por outro lado, o valor nutricional dos alimentos não sofre perdas. Mas isto não se aplica a todos os alimentos, como explica a nutricionista.
"No caso das leguminosas, como os feijões, o grão-de-bico e a soja, tal como no do arroz, da batata e do chuchu, eles só são bem digeridos se estiverem bem cozinhados, caso contrário provocam problemas digestivos", adverte a especialista. "São alguns dos casos em que cozinhar aumenta a absorção dos nutrientes, pois o aquecimento elimina os agentes inoportunos e aumenta, ainda, a absorção das proteínas", refere ainda Iara Rodrigues.
Os benefícios fundamentais para a saúde
Os que já seguem segue esta dieta, ingerindo muitos dos alimentos que pode ver na galeria de imagens que se segue, apontam-lhe três grandes benefícios. O aumento de energia, uma pele mais clara e corpo mais seco. "É natural que as pessoas sintam uma grande vitalidade, uma vez que ingerem alimentos altamente nutritivos. O efeito pele clara também é possível pois a dieta é rica em antioxidantes", refere a nutricionista Iara Rodrigues.
Numa primeira fase, são muitos os que emagrecem. "A questão do peso está relacionada com o processo de mastigação de um alimento cru, que é mais rijo e possui toda a fibra", esclarece, o que faz com que seja mais saciante e nos ajude a controlar a fome. "Atualmente, por termos pouco tempo, cozinhamos demasiado os alimentos, em vez de os saborearmos aspira-mo-los e isso contribui para o aumento de peso", explica Iara Rodrigues.
Os riscos para a saúde que (também) existem
Apesar de saudável, esta dieta alimentar também comporta riscos. Iara Rodrigues chama a atenção para a diferença entre perder peso (o que pode ser estimulado por este tipo de alimentação) e emagrecer. "No primeiro, perde-se massa magra, o que compromete a massa óssea, hídrica e muscular. No segundo, eliminamos massa gorda", sublinha a especialista. Outro risco da alimentação viva é uma possível deficiência nutricional.
Para além de carência de vitamina B12, ferro e zinco, típica de uma dieta vegetariana, também lhes pode faltar ómega-3. A nutricionista refere ainda que, segundo um estudo, os crudivoros têm indicadores muito elevados de homocisteína, um marcador de inflamação, "o que é péssimo pois, a partir do momento em que há inflamação, o corpo produz muitos mais radicais livres do que é suposto", alerta a autora do livro "Emagreça sem fome".
Contas feitas aos prós e contras, esta especialista não tem dúvidas. "Esta é uma dieta demasiado radical, mas seria benéfico introduzir alguns destes hábitos na nossa rotina alimentar", como faz questão de realçar. Uma das maneiras mais simples é através da ingestão de fruta fresca, idealmente com casca no caso das peras e das maçãs, nas pausas entre as refeições. As cenouras, os rabanetes, o tomate e os talos de aipo são outra opção a considerar.
Texto: Paula Barroso com Iara Rodrigues (nutricionista)
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