Somos o que comemos e, no caso dos diabéticos, esta afirmação revela-se de particular importância. A alimentação é um dos fatores essenciais do tratamento da diabetes, representando um desafio nem sempre fácil para quem vive com a doença. As escolhas que se fazem são, por isso, decisivas. Para além de procurar manter os níveis de glicemia no sangue nos valores recomendados, o que ingerimos também serve para evitar problemas de saúde que, associados à diabetes, agravam o prognóstico.
É o caso da obesidade, da hipertensão e/ou do colesterol e dos triglicéridos elevados, como também alerta o Diabetes 365º, um projeto informativo multiplataforma que pretende auxiliar os portugueses a lidar com esta patologia, desmistificando muitas das ideias pré-concebidas que ainda persistem nos tempos que correm. Há muita gente que acredita que os diabéticos não podem comer fruta por causa da quantidade de frutose, o açúcar natural presente neste tipo de alimentos.
Mas, na verdade, não é bem assim. No caso dos diabéticos dependentes de insulina, desde que façam uma alimentação equilibrada, podem ingeri-la diariamente, com conta, peso e medida. Os que sofrem de diabetes tipo 2 não devem, no entanto, ultrapassar duas peças por dia. As vitaminas e os sais minerais que estes ingredientes alimentares contêm são benéficos para a saúde de todos, inclusive dos que sofrem desta patologia. Os diabéticos devem, todavia, privilegiar frutos que contenham uma taxa de açúcar inferior ou igual a 11 gramas por 100 gramas de alimento, como é o caso do morango (4 gramas), da framboesa (4,2 gramas), da amora (6 gramas), do melão (6 gramas), da toranja (6,2 gramas), do marmelo (6,3 gramas) e da groselha (6,4 gramas).
A lista das frutas recomendados aos diabéticos inclui ainda a melancia (7,3 gramas), a laranja (8 gramas), o pêssego (8,1 gramas), o quivi (8,4 gramas), o alperce (9 gramas) e a pera (9,1 gramas). Apesar de ingerir fruta regularmente ser bom para a saúde dos diabéticos, como confirmou um estudo científico internacional divulgado pela publicação especializada PLoS Med em 2017, algumas devem ser evitadas. É o caso da melancia, da tâmara, do abacaxi, do ananás, da manga, da líchia e do figo.
Então e a banana?
Uma das crenças que persistem é a de que os diabéticos não podem, de todo, comer bananas, tal como também não devem ingerir cerejas, uvas, papaias, tangerinas e arandos. Com uma taxa média de açúcar na ordem dos 20,5 gramas por 100 gramas, este fruto exótico não pode, na realidade, ser comido à discrição por quem sofre de diabetes. Mas também não tem de ser riscado da lista. Desde que consumida com moderação, a banana pode fazer parte da alimentação de um diabético.
As vitaminas, as fibras e os sais minerais que esta fruta contém são benéficos para a saúde dos que sofrem desta patologia. Os autores de um estudo científico realizado em 2014 concluíram que o consumo ocasional de banana não tem, por norma, um impacto negativo no aumento da glicose na corrente sanguínea. Em 2017, uma outra investigação, envolvendo 500.000 voluntários, apurou que os frutos com um índice glicémico mais baixo são mais seguros para os diabéticos.
Mas, desde que ingeridos com conta, peso e medida, também os que registam um índice glicémico mais elevado, reduzem o risco de agravamento da diabetes. A American Diabetes Association (ADA), organismo norte-americano que reúne alguns dos mais prestigiados especialistas do mundo, também recomenda a sua ingestão. Na lista de frutos que sugere, inclui a banana. O ideal é, todavia, comer ocasionalmente uma com o tamanho das bananas da Madeira ou apenas metade das de tamanho maior. Outro dos conselhos é consumi-las juntamente com uma fonte de gordura não saturada, como um pequeno punhado de amêndoas, nozes, pistácios e/ou sementes de girassol ou com uma pequena dose de manteiga de amendoim.
Há especialistas nacionais e internacionais que sugerem a sua associação a uma fonte de proteína, como o iogurte grego magro, por exemplo, para aumentar o grau de saciedade e reduzir a necessidade de petiscar ao longo do dia, o que é também uma forma de manter os níveis de glicemia controlados. De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal é um dos países da União Europeia com maior prevalência de diabetes na população adulta.
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