Em resposta à Lusa, fonte oficial da DGRSP indicou que “tendo como data de referência 31 de dezembro de 2022 havia” um total de 935 reclusos diagnosticados com hepatite C e somente 76 em tratamento, o que se traduz num acesso ao tratamento para apenas 8,1% da população prisional infetada com esta patologia.

A informação surge na sequência da divulgação do relatório “O Estado da Saúde nas Prisões na Região Europeia da OMS” [Organização Mundial de Saúde] e que revelou, com base em dados de 2020, que menos de 10 por cento dos reclusos portugueses diagnosticados com hepatite C tinham efetuado tratamento nos 12 meses anteriores.

Portugal registou então um total de 965 reclusos diagnosticados com hepatite C, o que correspondeu a 8,5% da população prisional desse ano (total de 11.412 pessoas), indicando que apenas 81 dessas pessoas infetadas com hepatite C receberam tratamento antiviral, ou seja, 8,4 por cento dos reclusos com este diagnóstico.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, tinha referido hoje, em reação aos números divulgados pelo documento da OMS, que Portugal evoluiu já ao nível do tratamento da hepatite C entre os reclusos, assegurando que os dados estariam “muito desatualizados”.

“Até fiquei preocupado quando vi esse número, achei-o muito mau; os números são muitíssimo melhores do que esses e vamos divulgar muito rapidamente qual é a situação atual. Esse é o número obtido no momento em que os dados do relatório foram recolhidos”, afirmou hoje de manhã o governante.

Na comparação dos dados fornecidos à OMS em 2020 com os dados enviados entretanto pela DGRSP à Lusa, é possível observar que houve uma ligeira redução no número de reclusos diagnosticados com hepatite C (965 para 935, menos 30) e nos que foram submetidos a tratamento (81 para 76, menos cinco), baixando de 8,4% para 8,1%, a taxa de reclusos que tiveram acesso ao tratamento.

A hepatite C é uma inflamação do fígado provocada pelo vírus da hepatite C que, quando crónica, pode conduzir à cirrose, insuficiência hepática e cancro, de acordo com a página eletrónica do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo o relatório de 2022 do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV), a hepatite C é a primeira infeção crónica viral e oncogénica com cura possível, estando o tratamento disponível em Portugal desde 2015 com taxas de cura superiores a 95%.